Jornalistas&Cia 1515

Edição 1.515 - pág. 8 ANOS A diretora de Jornalismo da TV Cultura também chamou atenção para dados referentes à leitura: “Somente 10% da população brasileira são considerados proficientes na leitura, na escrita e na matemática. E 17% que concluíram ensino médio são considerados analfabetos funcionais. E apenas 24% dos que atingiram nível superior podem ser considerados proficientes. Olha o tamanho do buraco de desinformação que enfrentamos! Não lidamos apenas com a questão do analfabetismo, mas também com pessoas que não conseguem ler, e isso só piora nossa luta contra as fake news”. Para Marília, é essencial refletir sobre esses dados do Inaf e o que o jornalismo pode fazer para ajudar a reverter esse quadro, melhorar a compreensão de notícias por parte da população. A diretora da TV Cultura destacou a importância da checagem de fatos durante a pandemia de Covid-19: “A checagem feita pelos jornalistas, aprofundada e baseada em fatos, fortaleceu-se muito durante a pandemia. Todos nós aqui lembramos dos absurdos e das mentiras sobre o coronavírus e sobre as vacinas que eram compartilhados desenfreadamente nas redes sociais. E o jornalismo teve um papel muito importante no sentido de combater essas mentiras. Mas, na minha opinião, considerando o pós-pandemia, não conseguimos muitos impactos quando olhamos os índices de vacinados no País, ainda baixos. É uma inversão absurda de qualidade de vida. Não estamos conseguindo transmitir a verdade, ou seja, que a vacina salva vidas, é importante”. A importância da autocrítica Helio Gama destacou que, diferentemente de muitos influenciadores, que produzem conteúdos muitas vezes duvidosos, sem qualquer compromisso com a verdade, os jornalistas, quando erram, corrigem tais erros, admitem, vão atrás de apurar melhor os fatos: “Jornalismo comete erros, fato. Mas o jornalismo corrige erros, admite, vai atrás. Em contrapartida, outros criadores de conteúdo não fazem isso, não corrigem. Essas pessoas que produzem conteúdo em massa nas redes sociais não têm esse cuidado. E isso mostra um pouco do porquê o jornalismo é o principal antídoto para a desinformação, e porque ele precisa ser financiado e existir”. Nesse sentido, Sergio Lirio refletiu sobre a importância de os jornalistas fazerem diariamente uma autocrítica. Para o redator-chefe da CartaCapital, o jornalismo é, ao mesmo tempo, a principal solução para combater as fake news, mas também um sistema que acaba, mesmo que indiretamente, contribuindo para a propagação da desinformação. “Fake news é muito mais complexo. O Helio Gama Neto

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