Edição 1.515 - pág. 9 ANOS maior problema é o grande sistema de desinformação para o qual o jornalismo, infelizmente, acaba contribuindo, com nossas imprecisões, por dar espaço a falas antidemocráticas, a busca incessante pelo impacto, pelo clique, deixando de lado um pouco a precisão”, disse Sergio. “Quando vemos que todo mundo, todos os outros veículos estão dando determinada notícia, imediatamente pensamos que precisamos dar também, o mais rápido possível, e esquecemos que é preciso checar, e a checagem não é algo simples e rápido de ser feito, deve ser criteriosa, profunda. Existe a pressão pela audiência, mas precisamos priorizar a checagem acima da rapidez e da audiência. Além disso, claro, quando erramos, admitidos e corrigimos o erro, mas na minha opinião fazemos o trabalho de correção com muito menos frequência do que deveríamos fazer”. Sergio usou como exemplo a Fox News, que apesar de ser um veículo tradicional e renomado, durante a pandemia propagou muitas mentiras e foi, nas palavras dele, um veículo de apoio a Trump de forma muito explícita. O redator-chefe da CartaCapital reiterou, mais uma vez, que o jornalista deve sempre ser imparcial e ouvir os dois lados, mas ao mesmo tempo não pode nunca abrir espaço para falas antidemocráticas, para pessoas cujas crenças e ideologias ferem a democracia. Para ele, não há condições de essas pessoas terem espaço em veículos, grandes ou pequenos: “Não há liberdade de expressão capaz de defender gente propagadora de mentiras, que hoje ocupa colunas em veículos importantes. Pluralidade é importante, claro, mas é importante colocar limites nessa pluralidade, principalmente quando pensamos em desinformação. Não se pode dar voz a narrativas falsas, teorias da conspiração, discursos de ódio. Pluralidade pode e deve ser exercida de diversas formas”. Ele também fez uma reflexão sobre as agências de checagem. Para Sergio, de fato, o trabalho de checagem de fatos é muito importante e essencial, mas é triste que elas devam existir, já que a checagem de informações é (ou deveria ser) um dos princípios básicos do jornalismo. E o fato de elas existirem mostra que os jornalistas não estão fazendo o trabalho de checagem como deveriam: “E, infelizmente, se olharmos para os impactos que as checagens dessas agências realizam, eles não são tão grandes assim. Fora que, assim como qualquer veículo jornalístico, essas agências também erram, o que abre margem para críticas, descrença no trabalho, entre outros. É isso que as pessoas precisam entender: o jornalismo é feito por humanos, e nós erramos também, todo mundo erra. Jornalismo é muito subjetivo, cada equipe, cada redação, define em conjunto as notícias que darão na edição, quais serão os destaques, e até mesmo as manchetes Sergio Lirio
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