Edição 1.528 - pág. 3 ANOS ANOS 30SEMANAS em Ano 28 – Edições 1.378 a 1.428 (set/2022 a set/2023) Reputação é resultado e vice-versa J&Cia Ano 28: os jornalistas no 8/1 e uma nova fase para TV Globo e EBC Os resultados das eleições de 2022, que selaram o fim do mandato de Jair Bolsonaro e com ele o período mais violento contra jornalistas brasileiros desde o fim da ditadura militar (19641985), trouxeram uma esperança de que o trabalho da imprensa poderia finalmente retornar à normalidade. Mas essa mudança não foi tão simples e tranquila, como mostrou Jornalistas&Cia ao longo de seu 28º ano de vida. Ainda durante as semanas que antecederam a votação do 2º turno, diversos casos de ataques físicos e virtuais foram registrados em todo o País. Por causa das constantes ameaças que vinha recebendo, Leandro Demori, ex-editor executivo do Intercept Brasil e que em 2020 havia coordenado a série de reportagens sobre os arquivos da Vaza Jato, precisou deixar o País por alguns meses (ed. 1379). Em São Paulo, um grupo de militantes hostilizou e perseguiu jornalistas que cobriam um comício de Bolsonaro na Assembleia de Deus (ed. 1380). Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o cinegrafista Rogério de Paula, da InterTV Serramar, afiliada da Globo na Região Serrana e Noroeste Fluminense, foi parar na UTI após ser agredido por manifestantes que acompanhavam a prisão do exdeputado Roberto Jefferson (ed. 1382). Mas o caso que ganhou mais repercussão ocorreu na véspera da eleição, quando a então deputada federal Carla Zambelli perseguiu o jornalista Luan Araújo com uma arma de fogo em mãos na região dos Jardins, área nobre de São Paulo (ed. 1383). E se, com a divulgação do resultado do pleito, que confirmou o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência do Brasil, a esperança era de que os episódios de hostilidade diminuíssem. a incapacidade de Bolsonaro, aliados e apoiadores em aceitar os resultados criou um novo cenário antidemocrático, com bolsonaristas montando acampamentos em diversas cidades pelo Brasil. Durante as semanas que seguiram aos protestos, J&Cia registrou diversos ataques à jornalistas que atuavam na cobertura dos acampamentos. Destaque para agressões registradas contra uma equipe do UOL, em Resende (ed. 1387), e da IstoÉ, em São Paulo (ed. 1390). A Abraji, entidade que teve papel preponderante para registrar e dar apoio aos profissionais de imprensa que estavam sob ataque, apresentou naquele período diversos levantamentos que mostravam o tamanho e a intensidade das agressões. Em um deles, a associação registrou ao menos 37 ataques a jornalistas em apenas uma semana após o segundo turno (ed. 1384). No ambiente digital, outra pesquisa mostrou que ataques contra mulheres jornalistas aumentaram após as eleições (ed. 1391). Os principais alvos nesse período foram Barbara Gancia (Folha de S.Paulo), Vera Magalhães (O Globo/TV Cultura), Eliane Cantanhêde (Estadão/GloboNews), Leilane Neubarth (GloboNews) e Daniela Lima (CNN Brasil), que receberam, juntas, mais de 80% das ofensas identificadas. A entidade também trouxe dados que apontaram que em 2022 os ataques à imprensa haviam batido recorde no Brasil (ed. 1386). Corroborando essa informação, a Fenaj publicou um levantamento mostrando que o Brasil havia registrado uma agressão por dia a jornalistas naquele mesmo ano (ed. 1394). Toda essa escalada chegou ao seu ápice em 8 de janeiro de 2023 (ed. 1392). Os atentados antidemocráticos, que culminaram com vandalismos, invasões e depredações às dependências dos prédios dos Três Poderes e de toda a área da Esplanada dos Ministérios, também resultaram em dezenas de
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