Jornalistas&Cia 1535A

Edição 1.535A - 25 de outubro de 2025 ANOS ESPECIAL Vlado Vive!

Honrar a história de Vladimir Herzog é um compromisso com a democracia, os direitos humanos e com o jornalismo livre. Parabéns ao J&Cia pela homenagem. analiticacomunicacao Analítica Comunicação www.analitica.inf.br

Edição 1.535 - pág. 3 ANOS ESPECIAL Neste especial, que se soma às múltiplas homenagens e iniciativas em memória de Vladimir Herzog, pela passagem dos 50 anos de seu brutal assassinato no DOI-CODI, em São Paulo, dentro do que se convencionou chamar de “os porões da ditadura”, Jornalistas&Cia busca reconstruir parte do clima e dos acontecimentos que chacoalharam e enlutaram o País naquele fatídico 25 de outubro e que, afortunadamente, transformaram-se na centelha que viria a incendiar boa parte da sociedade brasileira na luta pela redemocratização. Convidamos para esta “homenagem jornalística” o jornalista Carlos Carvalho, que tem em sua biografia jornadas relevantes em conexão com vários movimentos sociais, quase todos impactados positivamente pelos desdobramentos históricos daquele ignóbil período vivido sob a égide da ditadura militar. Boa leitura! Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli “Há um abismo entre homens e homens, o horror” Caetano Veloso, em Um comunista, canção em homenagem a Carlos Marighella, assassinado pela ditadura militar Por Carlos Carvalho (*) 50 anos depois de seu assassinato, VLADO VIVE! Vladimir Herzog Wilson Ribeiro/IVH Nos primeiros dias de outubro de 1975 a mão pesada da repressão militar desceu sobre uma nova leva de inimigos da ditadura. O alvo eram jornalistas que tinham alguma ligação ou contatos com a direção do Partido Comunista Brasileiro, o PCB, também conhecido como “Partidão”. Nas redações e na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo o clima era de grande tensão, medo e incerteza. E a ação do aparelho de repressão voltou-se contra a redação da TV Cultura, emissora então de caráter estatal, em que um grupo de jornalistas, chefiados por Vladimir Herzog, trabalhava pautas de interesse popular, como a carestia, que dominava a preocupação das famílias com altas recorrentes dos preços de

Edição 1.535 - pág. 5 ANOS ESPECIAL alimentos; os acidentes de trabalho, especialmente na construção civil paulistana, que vivia um boom de novos prédios e cobertura de temas sindicais. “Vlado estava de volta ao comando do jornalismo da TV e procurou realizar um jornalismo mais ligado ao cotidiano e menos engravatado”, lembra Gabriel Priolli, que vivia sua primeira experiência como repórter de TV, contratado pouco antes de Herzog assumir a direção de jornalismo. A equipe da TV Cultura reunia profissionais já experientes como Vlado, Laurindo Lalo Leal Filho, Narciso Kalili e jovens focas ou iniciantes na televisão, como era o caso de Priolli e do também novato Paulo Markun, oriundos um da publicidade e outro dos veículos impressos. Nesse mesmo período, jornalistas de outros veículos também foram monitorados e chamados a depor no DOI-CODI, órgão da repressão sediado na rua Tutoia, no bairro do Paraíso. (*) Carlos Carvalho é expresidente executivo da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação). Em jornadas anteriores, integrou a equipe de comunicação da Prefeitura de São Paulo na gestão da prefeita Luiza Erundina (1989-1992), e produziu vídeos e documentários sobre os movimentos sociais da periferia da zona Leste de São Paulo nos anos 1980, além de ser coautor do blog Lombada Quadrada, dedicado à literatura. Nota do autor: “Como diz Natalia Ginzburg em Léxico Familiar, ‘a memória é lábil, porque os livros extraídos da realidade frequentemente não passam de tênues vislumbres e estilhaços de tudo o que vimos e ouvimos”. Por mais objetivo que tente ser o jornalismo, quando remetemos a um fato histórico tão estudado, localizado em um passado de meio século, nem todas as histórias e personagens vão aparecer neste relato, mas esta reportagem é dedicada a todas e todos os que resistiram. E resistem”. Gabriel Priolli O antigo prédio do DOI-CODI, tombado pelo Patrimônio Histórico

Edição 1.535 - pág. 6 ANOS ESPECIAL Mas não eram apenas as pautas o alvo da ira dos agentes da repressão. Havia uma guerra de bastidores dentro do regime, um enfrentamento entre uma linha que pregava o início de uma abertura controlada e outra ala, que desejava radicalizar a perseguição a opositores da ditadura, enxergando comunismo em todos os lugares. “Desde o fim do milagre econômico, com a crise do petróleo, a inflação vinha subindo, embora os índices oficiais fossem maquiados, e o descontentamento da população redundou na eleição de oposicionistas em todo o País no pleito de 1974 para o Congresso Nacional”, diz Claudio Cerri, que trabalhou na TV Cultura entre 1972 e 1974 e, no começo de outubro de 1975 estava na redação do Jornal da Tarde. O resultado das eleições de 1974 acendeu um alerta nas alas mais radicais da ditadura. Entre os eleitos, estavam políticos ligados à direção do Partidão, então clandestino, que se abrigaram no grande guarda-chuva oposicionista do MDB. O regime havia derrotado as guerrilhas e a luta armada urbana no auge da repressão do governo Médici, mas a crise econômica e a ameaça real de vitórias expressivas da oposição, em eleições que pareciam controladas para dar hegemonia à Arena, provocaram reações nos mais profundos porões da ditadura. Operações paramilitares como a Oban – Operação Bandeirante, financiada por empresários e órgãos de repressão como o DOI-CODI e o DOPS, queriam entrar em ação para perseguir aqueles que lutavam pela democracia ocupando espaços em suas atividades profissionais, candidatando-se em eleições locais e nacionais, tentando retomar a mobilização do movimento estudantil, atuando nas oposições sindicais e nas pastorais sociais da Igreja Católica. Gabriel Priolli recorda que no primeiro semestre de 1975 os estudantes da Escola de Comunicações e Artes da USP, a ECA, entraram em greve, algo que não acontecia no movimento estudantil desde os tempos do AI-5 (1968). “Foi um semestre praticamente inteiro de greve, com uma mobilização que rendeu a criação do DCE Livre, da USP, ainda clandestino, e se espalhou por outras universidades do País. Não por coincidência, boa parte dos alunos e alguns professores trabalhavam na TV Cultura e havia uma ligação muito forte entre a TV e a ECA”, ressalta, lembrando que no começo do segundo semestre, com a retomada das aulas, Herzog começaria a lecionar na cadeira de Telejornalismo, depois de um movimento em que alunos pediram sua contratação. Foi um curto período de convivência, como recorda José Vidal Pola Galé, que era aluno da ECA e trabalhava na Agência Folha: “Tivemos pouco contato, porque logo depois do início do semestre letivo fui levado ao DOI-CODI e fiquei preso por um longo tempo, quase sem notícias do que acontecia fora do cárcere”. Essa confluência chamou a atenção do aparelho repressivo, que voltou suas baterias para os jornalistas, com a criação da Operação Jacarta, como lembra Luís Nassif. “Os dias que antecederam a morte de Vladimir Herzog foram pesados. Eu morava em um pequeno apartamento na região da Liberdade. Toda manhã acordava, passava em frente à banca de revistas, temendo ler alguma notícia de prisão de colegas. Era o fantasma de todos os jornalistas, uma suposta operação, articulada pela José Vidal Pola Galé

Edição 1.535 - pág. 7 ANOS ESPECIAL repressão, destinada a eliminar de uma vez milhares de opositores do regime”. O nome Operação Jacarta não era um acaso, como lembra Cerri. Fazia alusão ao assassinato em massa de militantes do Partido Comunista da Indonésia, cujo resultado foi a morte de pelo menos meio milhão de pessoas, com algumas contagens falando em até 1 milhão de vítimas. Campanha infame contra os jornalistas Pressionados pela conjuntura econômica e política nacional e pela comunidade internacional – à qual chegavam constantes denúncias de violações dos direitos humanos, com forte repercussão de casos como o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva, os assassinatos de estudantes como Alexandre Vannucchi Leme, militantes como Carlos Marighella e Stuart Angel Jones –, os representantes da linha dura do regime, liderados pelo general Silvio Frota, precisavam de um pretexto para colocar seu aparato de terror em andamento. E a encontraram nas colunas publicadas no jornal Shopping News por Claudio Marques, um notório anticomunista, que acusava sistematicamente o jornalismo da TV Cultura de apologia ao comunismo, apelidando a emissora de “Vietcultura”, em alusão ao Vietnã do Norte, então em guerra contra os Estados Unidos. As colunas de Marques reverberavam na Assembleia Legislativa paulista, onde os deputados José Maria Marin e Wadih Helou faziam discursos inflamados contra os jornalistas da emissora estatal e cobravam sua demissão, acusando também o governador Paulo Egydio Martins e o secretário estadual de Cultura, José Mindlin, de acobertar “um bando de comunistas”. Foi nesse contexto que jornalistas da TV, assim como de outros veículos, começaram a ser levados à sede do DOI-CODI para depoimentos. Muitos deles ficaram presos por semanas, meses, inicialmente de forma não oficial, como aconteceu com Pola Galé: “Eu estava no DOI-CODI sem uma acusação formal, foi só depois de algumas semanas que me levaram ao DOPS, na Luz, e abriram um processo na Justiça Militar, onde fui finalmente julgado, antes de ser posto em liberdade”. Alguns jornalistas escaparam da prisão, mas não do medo e da apreensão permanentes. Foi o caso de Fernando Morais. “No final da tarde do dia 24 de outubro, oficiais do exército foram à minha casa. Não me encontraram e foram então para a sede da editora onde eu trabalhava. Lá foram recebidos pelos meus chefes, Samuel Wainer, Domingos Alzugaray e Luís Carta. Enquanto Alzugaray e Carta enrolavam os militares com cafezinhos, Samuel Luís Nassif Fernando Morais

Edição 1.535 - pág. 8 ANOS ESPECIAL foi até a minha sala e sussurrou: dois militares estão aqui pra te prender. Saia pela escada dos fundos e desapareça. Os militares saíram de mãos abanando e se dirigiram à casa de Herzog, onde o intimariam a depor no dia seguinte. Só depois, ao tomar conhecimento da morte de Vlado, soube que Wainer, Alzugaray e Carta tinham salvado minha vida”. À frente da redação da TV, Vlado tinha duas frentes de preocupação, como recordam Gabriel Priolli e Paulo Markun. A primeira era a implantação da linha editorial do jornalismo da Cultura, baseada em matérias conectadas com os anseios populares, enquanto sofria pressões externas. A segunda tinha a ver com a escalada de prisões de colegas iniciada nos primeiros dias de outubro. Estavam presos seu chefe de redação, Luiz Weiss, e o chefe de reportagem, Paulo Markun, entre outros. Até que na sexta-feira, 24 de outubro de 1975, Vlado recebeu agentes do DOI-CODI, que o intimavam a depor. Negociou com eles uma apresentação voluntária no dia seguinte, pela manhã, para poder colocar os jornais do dia no ar e organizar o plantão do fim de semana. Na manhã de sábado, como relata o filho Ivo Herzog, em entrevista em 20/10 ao programa Roda Viva, Vlado saiu em direção ao DOI-CODI certo de que voltaria em tempo de reunir a família para um fim de semana no sítio. E nunca mais voltou. A demora do retorno de Herzog preocupava sua mulher, Clarice, que avisou alguns amigos e colegas de trabalho do jornalista, como Gabriel Romeiro, que então trabalhava na TV Bandeirantes. Ele lembra que corria nas redações a informação de que Vladimir iria depor naquela manhã: “Fiquei sabendo que o Vlado tinha se apresentado ao DOI-CODI menos de duas horas depois do fato, quando cheguei na Bandeirantes, onde então trabalhava, pouco antes das 10 da manhã daquele sábado, 25 de outubro. Quer dizer, sem que nenhum jornal, rádio ou TV tivesse noticiado, já se sabia lá que Vlado tinha sido procurado pela repressão na véspera, de noite, na TV Cultura, e que acabara de se entregar naquela manhã. Depois de almoçar fui fazer companhia a Clarice na casa dela. Esperávamos – ou pelo menos desejávamos – que ele aparecesse a qualquer hora. Afinal, ele se entregara espontaneamente e achávamos que isso nos dava o direito de imaginar que não ficaria preso. Meio frustrado, saí de lá no fim da tarde, quando Fernando Pacheco Jordão chegou para ficar com Clarice. Pedi que me ligassem quando houvesse alguma novidade e fui para casa”. Mas as novidades que viriam naquela noite seriam ao contrário do que todos esperavam. Romeiro lembra que recebeu um Ivo Herzog Gabriel Romeiro

Edição 1.535 - pág. 9 ANOS ESPECIAL telefonema do cineasta João Batista de Andrade, já por volta da meianoite. Vlado estava morto. Fernando Morais, que no dia em que quase foi preso havia sido aconselhado por advogados a procurar abrigo, fora dormir na casa do fotógrafo Tomaz Farkas: “Foi ele quem me deu a notícia do assassinato. O choque foi tremendo. Em duas ocasiões eu trabalhara lado a lado com Vlado, em 1970 na TV Cultura e em 1974 na revista Visão. Mesmo tendo vivido situações extremas como repórter, estava tomado pelo terror, sem saber se ia para o exílio, se me entregava ou ficava na clandestinidade. Cheguei a ter passaportes para sair do Brasil, oferecidos pelo amigo Carlos Brickman. Acabei decidindo nem me exilar nem me entregar. Evaporamos, eu e minha mulher”. Quem também se recorda do clima tenso daqueles dias é a jornalista Marilia Assef: “Na época do assassinato de Vlado eu trabalhava como repórter na revista Manchete. Apesar de não ter tido problemas com a censura, por cobrir cultura, acompanhava, através de colegas, o que acontecia nas redações dos grandes veículos e temia pelo que acontecia no País. O assassinato de Herzog foi um choque de realidade, que acabou levando a sociedade a se manifestar contra aquele regime nefasto”. Medo e mobilização: o começo da inflexão da ditadura militar Telefonemas como o de João Batista de Andrade atravessaram a madrugada e o domingo. Jornalistas, ativistas, políticos, sindicalistas espalhavam a trágica notícia, com uma pergunta recorrente: o que fazer? Era preciso denunciar o assassinato. Como lembra Paulo Markun, a famosa foto que comprovaria a tese de suicídio era uma farsa tão gritante, assim como o documento rasgado no chão da cena, que supostamente seria “uma confissão de Herzog sobre suas atividades clandestinas e subversivas. Aquela versão não se sustentava em pé e foi um dos estopins para a mobilização que se seguiu”, afirma. O movimento natural foi buscar guarida no Sindicato dos Jornalistas. Nassif lembra que, “quando explodiu a notícia da morte de Herzog, fui correndo ao Sindicato dos Jornalistas. Estava apinhado de colegas, encolhidos nas cadeiras, como crianças embaixo da coberta assistindo a um filme de terror. Lembro-me da presença, até, de Luiz Fernando Levy, proprietário da Gazeta Mercantil e filho do deputado Herbert Levy”. Marília Assef Paulo Markun Jornal Plural A foto evidencia a farsa do suicídio de Vlado

Edição 1.535 - pág. 10 ANOS ESPECIAL Gabriel Romeiro, que mais tarde viria a ser presidente do Sindicato, estava lá. E acrescenta que “a mobilização dos jornalistas começou de forma bem espontânea, mas é preciso levar em conta alguns fatores que a explicam. Em primeiro lugar, as redações se encontravam na época num alto grau de mobilização, porque sete meses antes do assassinato de Vlado tinha havido eleições no sindicato e nós conseguimos derrubar uma corrente pelega que dominava a entidade havia mais de 10 anos. Foi eleita, então, em oposição aos pelegos, a diretoria presidida por Audálio Dantas. Para que isso acontecesse, já tinha havido muita mobilização das redações desde o ano de 1974. E, com a nova diretoria, vivíamos o início de uma nova era no sindicato, que tinha como uma das características justamente a mobilização. Além disso, o caso de Vlado foi mais um de uma série de prisões de jornalistas que vinham ocorrendo havia semanas. O ambiente estava ouriçado nas redações de São Paulo. Estive com Vlado várias vezes nesse período e ele estava muito preocupado. Temia que a qualquer hora chegasse a vez dele, porque era próximo de muitos dos presos”. Em meio a medo, tensão e o sentimento generalizado de que era preciso reagir, a diretoria do Sindicato convocou uma Assembleia Geral para a segunda-feira, 27 de outubro. Na pauta, as possibilidades de mobilização e reação. Enterro: mobilização silenciosa e coragem dos rabinos Mas o primeiro movimento, público e silencioso, foi no enterro do corpo de Vlado. Na manhã do dia 27, depois de um velório com centenas de pessoas, o féretro saiu em direção ao Cemitério Israelita do Butantã. “Não saberia dizer exatamente quantas pessoas foram”, diz Romeiro. “Mas guardo até hoje a imagem de um cortejo enorme de automóveis serpenteando pelas ladeiras do Morumbi no trajeto do velório do Hospital Albert Einstein para o Cemitério Israelita do Butantã. Acredito que foi a presença maciça de jornalistas que levou Audálio Dantas a convocar, logo que terminou o enterro do Vlado, uma assembleia para a noite daquele mesmo dia”. O próprio enterro foi também um ato de reação e denúncia. Pelos ritos judaicos, suicidas são sepultados em uma área à parte, junto aos muros dos cemitérios. Era o que a tradição religiosa impunha ao judeu Vladimir Herzog. Mas não foi o que aconteceu. Diante a evidente farsa montada no DOI-CODI, o rabino Henry Sobel, da Congregação Israelita Paulista, levantou a voz em nome da Justiça e bancou o sepultamento segundo os rituais da Lei Judaica. No livro comemorativo aos 85 anos da Chevra Kadisha, a Sociedade Cemitério Israelita que administra os campos santos da comunidade judaica em São Paulo, um depoimento de Henry Sobel recorda que houve questionamentos na comunidade e na imprensa de que o enterro teria contrariado os rituais da religião. Sobel, que no dia do enterro Elvira Alegre Audálio Dantas chora em silêncio no velório de Vlado

Edição 1.535 - pág. 11 ANOS ESPECIAL estava em compromisso no Rio de Janeiro, assegurou em entrevista dias depois que todos os rituais haviam sido cumpridos e que a versão do suicídio não correspondia à realidade. Segundo o rabino, em declaração à Chevra, “o enterro teve ampla repercussão na imprensa nacional e internacional, com questionamentos sobre os ritos. Quando voltei a São Paulo, assegurei à família que Herzog havia sido sepultado em estrito acordo com as Leis Judaicas”. O caso Vlado na mídia: silêncio e medo Enquanto a mobilização dos jornalistas ganhava corpo, com a adesão de pessoas e instituições como Dom Paulo Evaristo Arns e a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, o caso era praticamente ignorado na imprensa. Paulo Markun recorda, por exemplo, manchete da Folha da Tarde, “que comprava a versão de suicídio. A imprensa, em geral, não fez o trabalho dela e assumiu sem questionamento as informações da ditadura”. Na TV Cultura, o clima era o pior possível. Gabriel Priolli, que havia passado o fim de semana incomunicável, em Ilhabela, no litoral Norte de São Paulo, ao saber da notícia correu para a redação: “A gente tinha de botar o jornal no ar. Uma equipe estava fazendo a cobertura do caso e das reações que se sucederam, mas nada foi ao ar, com todo o material vetado pela censura”. Mas havia algumas exceções, como os jornais alternativos, que circulavam com dificuldade na época, perseguidos pela censura e asfixiados economicamente. E, na grande imprensa, houve a cobertura do jornal O Estado de S. Paulo. Quem acompanhou o caso foi o repórter Ricardo Kotscho, designado para a pauta pelo chefe de reportagem Clóvis Rossi. “Apesar da censura prévia, nossa orientação no Estadão era de cobrir os temas que poderiam incomodar a ditadura, apurar e escrever tudo e torcer para passar. Muitas matérias eram censuradas ou cortadas, mas a gente fazia um trabalho que depois ficou arquivado para documentar a história”, lembra Kotscho. Foi com essa orientação que ele se dirigiu à sede do Sindicato para cobrir a Assembleia do dia 27: “O auditório estava lotado de jornalistas, mas o único que estava ali a trabalho, como repórter, era eu”. O clima na Assembleia era tenso e havia divergências sobre o que fazer. Claudio Cerri se recorda de uma Dom Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e Clarice Herzog com o filho Ivo em homenagem a Vlado em 1976 Ricardo Kotscho Brasil de Fato/YouTube

Edição 1.535 - pág. 12 ANOS ESPECIAL ala, que incluía não jornalistas, como Alberto Goldman, militante do Partidão e que havia sido reeleito deputado estadual em 1974: “Ele pregava cautela, por receio de uma reação ainda mais violenta por parte da repressão. Mas a maioria dos participantes pressionava Audálio a adotar medidas mais fortes, como eram os casos de Narciso Kalili, Miltainho e outros.” A decisão final foi de articular um ato público para denunciar o assassinato e fomentar na sociedade reações contra a violência do regime. Pola Galé lembra que a figura de Audálio foi fundamental nessa articulação: “Ele soube conduzir a situação, agregar apoios e foi se criando uma frente bastante representativa, com a ideia de fazer na Catedral da Sé um ato ecumênico”. Em paralelo à mobilização do Sindicato, jornalistas escreveram um manifesto para ser entregue à 1ª Auditoria Militar de São Paulo. O documento, intitulado “Em nome da verdade”, que pode ser lido aqui, foi entregue às autoridades com 467 assinaturas e, quando publicado na edição do jornal do Sindicato, o Unidade, chegou a 1004 nomes. Ato ecumênico: a ditadura exposta Com a repercussão do caso, a sociedade civil começava a se mobilizar depois de anos de silêncio. Uma espécie de ensaio tinha acontecido em 1973, quando Dom Paulo havia rezado missa em memória de Alexandre Vannucchi Leme, assassinado, também com uma versão oficial de suicídio. Estudante de geologia da USP e militante da ALN, que fazia resistência armada ao regime, Vannucchi foi enterrado como indigente e teve seu corpo localizado pela família no mesmo ano. Um laudo de legistas desmentiu a versão de que ele teria se atirado em direção a uma Recriação da imagem de Audálio em 1975 IVH Oito mil pessoas em ruidoso silêncio

Edição 1.535 - pág. 13 ANOS ESPECIAL viatura em movimento. O ato na Sé não teve repercussão na mídia, sob forte censura do governo Médici, mas mobilizou cerca de 3 mil estudantes e foi o embrião da retomada da mobilização estudantil que iria se consolidar a partir da greve na ECA, no primeiro semestre de 1976. Na manhã do dia 31, na redação do Estadão, que na época ficava na rua Major Quedinho, o repórter Ricardo Kotscho foi escalado para cobrir o ato na Sé. Uma caminhada de estudantes partira da Cidade Universitária, no Butantã, em direção à Catedral. E o centro da cidade estava tomado de viaturas, cavalaria e homens do exército e da Polícia Militar. Dos prédios, fotógrafos a serviço da repressão documentavam quem passava por ali em direção ao ato. Kotscho lembra da tensão e, em seu depoimento a J&Cia, relata um medo pessoal que enfrentava naquela manhã: “Eu iria a pé para a Catedral. O clima era muito pesado e os militares estavam em todos os lados. Minha mulher estava grávida de nossa segunda filha e ao caminhar para a praça eu só pensava no risco que estava correndo. Ao chegar, vendo a praça cheia e a Catedral totalmente lotada, não tive coragem de entrar. Não cobri o ato dentro da igreja. Fiquei ali fora e foi sobre o clima no entorno que escrevi minha matéria”. Kotscho, acabou registrando a seu modo como aquele dia entraria para a história política do Brasil. Presente na Catedral em 1975, o jornalista Juca Kfouri exalta Audálio Dantas como “personagem fundamental na organização do ato transcorrido do começo ao fim sob o mais ruidoso silêncio já testemunhado na Sé e arredores. Atiradores da polícia, fuzis intimidadores à mostra, estavam postados nas sacadas que circundavam a igreja orientados para atirar caso a manifestação extrapolasse de seu objetivo. O ar era tão tenso e denso que poderia ser cortado por uma faca”, afirma Juca. “Naquele dia, quem lá esteve saiu com a certeza de que a ditadura começava a acabar, ferida de morte pela manifestação popular. Sentíamos medo, muito medo, não ao ponto, porém, de recusar o gesto em homenagem ao sacrifício de quem morria por nós e de quem vivia por nós, como Clarice Herzog, a heroica viúva, exemplo de bravura para todos”. Reflexos do ato: o Brasil começa a mudar? No livro Brasil: uma biografia, as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling afirmam que no ato por Vannucchi Leme, em 1973, “a história começou a mudar, mas o ponto de inflexão para um novo alinhamento das forças de oposição à ditadura aconteceu últimos dias de outubro de 1975, uma semana depois da morte do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-CODI paulista. O tiro (da ditadura) saiu pela culatra. Aproximadamente 30 mil estudantes paralisaram as aulas nas principais universidades paulistas. Começou a se alinhar uma ampla frente de mobilização contra a ditadura, que reunia o MDB, o Sindicato dos Jornalistas, o movimento estudantil, a OAB, a CNBB e a ABI, e que, sem muito planejamento, se estendeu por vários dias e desaguou no culto ecumênico concelebrado na Catedral da Sé pelos rabinos Henry Sobel e Juca Kfouri Arquivo pessoal

Edição 1.535 - pág. 14 ANOS ESPECIAL Marcelo Rittner, por D. Paulo Evaristo Arns e o pastor presbiteriano Jaime Wright – além de contar com um convidado no altar-mor: o arcebispo de Olinda e Recife, D. Helder Câmara. Cerca de 8 mil pessoas desafiaram a ditadura, comparecendo ao culto: ocuparam o interior da nave, as escadarias e a praça – era uma multidão silenciosa e indignada. Na mesma hora, no Rio de Janeiro, setecentos jornalistas lotaram o auditório da ABI, numa homenagem também silenciosa”. Foi D. Helder quem resumiu esse ato em uma frase: “Há momentos em que o silêncio fala mais alto”. E completou, dizendo a um jornalista que “hoje o chão da ditadura começa a tremer. É o começo do fim”. Segundo as historiadoras, D. Helder não se enganou. Mas há quem aponte outros eventos e fatos históricos que contribuíram para o fim da ditadura. É o caso do jornalista Ivan Seixas, autor do livro Contos Guerrilheiros, em que relata sua participação na luta armada, quando integrou a partir do fim dos anos 1960, ainda adolescente, o Movimento Revolucionário Tiradentes, responsável por uma série de ações de guerrilha urbana. Ao lado do pai, Joaquim Alencar de Seixas, Ivan foi preso, com 16 anos. No mesmo DOI-CODI onde mataram Vlado, ele viu seu pai sucumbir à tortura. Ivan ficou preso entre 1971 e 1976, em uma situação peculiar. Era menor de 18 anos quando detido. Sem um processo formal, ficou clandestino no sistema prisional, saindo do DOI-CODI, passando pelo presídio Tiradentes e pelo DOPS e finalmente na Casa de Custódia de Taubaté, onde não havia presos políticos. Seu caso foi denunciado internacionalmente e ficou conhecido como “a prisão do menor IAS”. Na opinião de Ivan, o caso Herzog teve repercussão ampla “por se tratar de um intelectual branco, de classe média e jornalista, mas não foi o estopim do fim da ditadura”. Na prisão, ele recebia visitas das irmãs e da mãe, que também haviam sido presas e torturadas. Eram ocasiões em que conseguia alguma notícia de fora, assim como nas conversas com carcereiros. “Foi dessa forma que soube do assassinato de Herzog, mas nada mudou para os presos políticos e para mim depois do ato na Sé”. Segundo Ivan, sua situação na prisão só foi resolvida em 1976, depois da morte do operário Manoel Fiel Filho, que aconteceu também no DOI-CODI e teve foto de suicídio forjada, assim como no caso Herzog. “Foi nesse momento que Geisel reagiu contra a linha dura, demitindo o comandante do II Exército, general Ednardo D´Ávila Mello, a quem já tinha dado um ultimato quando do caso Herzog e afastando o general Silvio Frota. A partir daí, em poucas semanas meu caso foi reaberto na Justiça Militar e acabei solto”, completa Seixas. Ricardo Kotscho acrescenta uma camada a essa discussão. Ela lembra que, após o caso Herzog, a censura prévia ao Estadão acabou, depois de quase uma década. “Com isso, começamos a publicar matérias mais críticas. Naquele tempo, fiz uma série de matérias sobre as mordomias no governo, que teve grande repercussão. Foi assim que recebi uma dica de pauta sobre um novo assassinato no DOI-CODI, nas mesmas circunstâncias da morte de Vlado. Só tinha o nome e a profissão. Fui atrás e levantei a história de Manoel Fiel Filho, que desta vez foi publicada Ivan Seixas hoje e na foto da ficha policial, aos 16 anos

Edição 1.535 - pág. 15 ANOS ESPECIAL sem cortes e ganhou grande repercussão. Curiosamente, em 1976, fui finalista do Prêmio Esso por essas duas reportagens, o que revelava que os ventos estavam mudando”. Paulo Markun lembra que jornalistas e o jornalismo tiveram papel importante naquele tempo: “Um primeiro momento foi o da reação das redações à censura, havia muita resistência, mesmo que sem sucesso, ou atitudes como a do Estadão, que denunciava a censura. O segundo momento foi a reação ao assassinato de Herzog e a repercussão da morte de Fiel Filho. E uma terceira onda foi a greve de jornalistas de 1979, embora esta tenha tido reflexos negativos para boa parte da categoria, que foi objeto de grande reação dos patrões”. Herzog vive A reação espontânea e não muito organizada ao assassinato de Vlado, que culminou no ato da Sé, e a repercussão do caso de Manoel Fiel Filho deram gás para que imprensa, movimentos sociais, entidades da sociedade civil, igreja e sindicatos se articulassem para derrubar a ditadura. As greves do ABC e do professorado paulista, a partir de 1978 rearticularam o movimento sindical. A campanha pela Anistia ajudou a trazer de volta lideranças políticas como Leonel Brizola e Miguel Arraes, intelectuais e pensadores do Brasil, como Paulo Freire. Nos anos 1980, a campanha Diretas Já, a eleição de um civil pelo colégio eleitoral e a primeira eleição direta para presidente ajudaram a recolocar o País na trilha da democracia. A memória de Vlado, desde então, tem sido evocada. Ainda nos anos 1980, foi criado do Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos, uma iniciativa em princípio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, depois acolhida pelo Instituto Vladimir Herzog, criado apenas em 2009 e dirigido por Ivo Herzog, filho de Vlado. Nesse tempo, também foi longa a luta da família Herzog, com Clarice à frente, por justiça de fato. Foi preciso levar o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos para que o Estado brasileiro iniciasse o processo de reconhecimento de sua responsabilidade na morte dele, a partir de 2014, na Comissão Nacional da Verdade, embora ainda haja uma condenação da Corte, de 2018, pelo Brasil não investigar, julgar e punir os responsáveis pela tortura e assassinato de Herzog, situação que perdura até hoje. E só recentemente, já em 2025, Reportagem de Kotscho no Estadão sobre a morte de Fiel Filho Troféu do Prêmio Vladimir Herzog, por Elifas Andreato

Edição 1.535 - pág. 16 ANOS ESPECIAL o governo brasileiro assinou um acordo de reparação com a família de Vladimir Herzog, reconhecendo formalmente a responsabilidade do Estado e pedindo desculpas públicas. Este acordo incluiu o pagamento de uma indenização de R$ 3 milhões e a continuidade da pensão mensal para a viúva, Clarice Herzog. Ivo Herzog, em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada no último dia 18 de outubro, disse que “justiça seria investigar as circunstâncias de cada uma das mortes e desaparecimentos, quem foram os autores e os mesmos serem julgados, mesmo que já tenham falecido”. Herzog vive, mas seus algozes jamais foram responsabilizados. 50 anos: uma data para não esquecer Além da criação do Instituto Vladimir Herzog, com rico acervo sobre sua história, a memória de Vlado sempre esteve presente nas publicações sobre a ditadura. Em livros, temos as biografias A sangue quente – a morte do jornalista Vladimir Herzog, de Hamilton Almeida Filho, Meu querido Vlado – a história de Vladimir Herzog e o sonho de uma geração, de Paulo Markun, e As duas guerras de Vladimir Herzog, de Audálio Dantas. Na internet, além do rico acervo do Instituto, acaba de ser lançado um prompt de inteligência artificial, produzido por Paulo Markun, que reuniu dados e documentação sobre Vladimir Herzog e permite ao usuário fazer perguntas e conversar com Vlado. Se quer conhecer, clique neste link. Na TV Cultura, uma programação especial, com cobertura do ato interreligioso, matérias especiais e um documentário fará parte dos atos em memória de Vlado. A jornalista Marília Assef, que hoje ocupa o mesmo cargo que Herzog exercia quando foi preso e assassinado, destaca que, “com o apoio e determinação do Conselho Curador e da diretoria executiva da Fundação Padre Anchieta, o jornalismo da TV Cultura segue com muita responsabilidade, num formato inovador, mostrando e discutindo a os grandes temas da atualidade”. Para celebrar os 50 anos e para os fatos daqueles dias de outubro de 1975 nunca sejam esquecidos, vários eventos estão programados para estes dias. Confira alguns: • 24/10 – A Vida de Vlado – 50 anos do caso Herzog – exibição, na Mostra Internacional de Cinema, do documentário produzido pela TV Cultura, com direção e roteiro de Simão Scholz e narração de Chico Pinheiro. • 25/10 – 19h: Recriação do Ato Interreligioso na Catedral da Sé, organizado pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Comissão Arns de Direitos Humanos • 27/10 – 20h: Entrega da 47ª edição do Prêmio Vladimir Herzog, no Tucarena, na PUC/SP. • 30 e 31/10: Vladimir Herzog, IA e a Memória. Evento no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc-SP, com curadoria de Paulo Markun e participação de convidados. Confira a programação aqui. Clarice Herzog Arquivo pessoal Edição 1.535 - pág. 36 ANOS Prêmios u Entre os vencedores estão dois trabalhos produzidos por jornalistas gaúchos. Jonathan Heckler, da Zero Hora, faturou o prêmio na categoria Fotojornalismo; e na categoria Rádio a primeira colocação ficou com Rodrigo D’Avila, da Rádio Comunitária FM. u Os demais prêmios foram para Pedro Nakamura, de Veja Saúde, que conquistou o primeiro lugar em Jornal/ Revista; em Mídia Online, o destaque foi Karyne Lane Alves Gomes, de O Povo+; e em Televisão a vencedora foi Flávia Peixoto Cardoso de Barros, da TV Brasil. E mais... n Será na próxima segunda-feira (27/10), às 20h, a cerimônia de entrega do 47º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. O evento, gratuito e aberto ao público, será realizado no Tucarena, em São Paulo, após a tradicional Roda de Conversa com os vencedores, das 14h às 17 horas. n A Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (Aceg) prorrogou até sextafeira (24/10) o prazo de inscrições para o Prêmio Nacional de Reportagem Esportiva Aceg/80 Anos. São duas categorias: Profissional e Universitária, com subdivisões para reportagens em texto, áudio, vídeo e crônica. Inscreva-se aqui. n O Infinis – Instituto Futuro é Infância Saudável, organização do sistema da Fundação José Luiz Setúbal, abriu pela primeira vez uma votação popular para o Prêmio de Comunicação José Luiz Setúbal. Além dos vencedores escolhidos pelo júri, o público poderá escolher até 25/10 as melhores reportagens de profissionais e estudantes. A votação está disponível via formulário. Internacional n O empresário e ex-primeiro-ministro de Portugal Francisco Pinto Balsemão morreu em Lisboa em 21/10, aos 88 anos, devido a um câncer. u Nascido em Lisboa, começou a trabalhar desde cedo na imprensa, assumindo o cargo de secretário de redação do Diário Popular em 1963. Dez anos depois, em 1973, fundou o semanário Expresso, um dos principais da mídia de Portugal, que ganhou destaque durante a redemocratização do país. Ele também criou o canal SIC, o primeiro privado do país. u Após a Revolução dos Cravos, em 1974, fundou o Partido Popular Democrata, atual Partido Social Democrata (PSD). Tornou-se primeiroministro em 1981, preparando o país para ingressar na Comunidade Europeia e foi sucedido por Mário Soares. Em 1992, de volta à iniciativa privada, fundou a SIC (Sociedade Independente de Comunicação). Seu canal jornalístico, SIC Notícias, começou a operar em 2001. u O presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa decretou luto oficial de dois dias. (*) Colaboração de Lena Miessva, jornalista e profissional de comunicação, de Portugal (lena@ miessvacommunication.com e Whapp +351-93490-6272 e +55-11-93749-5581) Portugal (*) Fundador do Expresso e da SIC, Francisco Pinto Balsemão morre em Portugal Francisco Pinto Balsemão Jornalistas&Cia é um informativo semanal produzido pela Jornalistas Editora Ltda. • Diretor: Eduardo Ribeiro ([email protected] – 11-99689-2230) • Editor executivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: Fernando Soares ([email protected] – 11-97290-0777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Ana Laura Ayub ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-99915-1295 (cvc@ jornalistasecia.com.br) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana ([email protected]. br – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro (silvio@jornalistasecia. com.br – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539) Pág.1

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