Jornalistas&Cia 1535A

Edição 1.535 - pág. 12 ANOS ESPECIAL ala, que incluía não jornalistas, como Alberto Goldman, militante do Partidão e que havia sido reeleito deputado estadual em 1974: “Ele pregava cautela, por receio de uma reação ainda mais violenta por parte da repressão. Mas a maioria dos participantes pressionava Audálio a adotar medidas mais fortes, como eram os casos de Narciso Kalili, Miltainho e outros.” A decisão final foi de articular um ato público para denunciar o assassinato e fomentar na sociedade reações contra a violência do regime. Pola Galé lembra que a figura de Audálio foi fundamental nessa articulação: “Ele soube conduzir a situação, agregar apoios e foi se criando uma frente bastante representativa, com a ideia de fazer na Catedral da Sé um ato ecumênico”. Em paralelo à mobilização do Sindicato, jornalistas escreveram um manifesto para ser entregue à 1ª Auditoria Militar de São Paulo. O documento, intitulado “Em nome da verdade”, que pode ser lido aqui, foi entregue às autoridades com 467 assinaturas e, quando publicado na edição do jornal do Sindicato, o Unidade, chegou a 1004 nomes. Ato ecumênico: a ditadura exposta Com a repercussão do caso, a sociedade civil começava a se mobilizar depois de anos de silêncio. Uma espécie de ensaio tinha acontecido em 1973, quando Dom Paulo havia rezado missa em memória de Alexandre Vannucchi Leme, assassinado, também com uma versão oficial de suicídio. Estudante de geologia da USP e militante da ALN, que fazia resistência armada ao regime, Vannucchi foi enterrado como indigente e teve seu corpo localizado pela família no mesmo ano. Um laudo de legistas desmentiu a versão de que ele teria se atirado em direção a uma Recriação da imagem de Audálio em 1975 IVH Oito mil pessoas em ruidoso silêncio

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