Edição 1.535 - pág. 15 ANOS ESPECIAL sem cortes e ganhou grande repercussão. Curiosamente, em 1976, fui finalista do Prêmio Esso por essas duas reportagens, o que revelava que os ventos estavam mudando”. Paulo Markun lembra que jornalistas e o jornalismo tiveram papel importante naquele tempo: “Um primeiro momento foi o da reação das redações à censura, havia muita resistência, mesmo que sem sucesso, ou atitudes como a do Estadão, que denunciava a censura. O segundo momento foi a reação ao assassinato de Herzog e a repercussão da morte de Fiel Filho. E uma terceira onda foi a greve de jornalistas de 1979, embora esta tenha tido reflexos negativos para boa parte da categoria, que foi objeto de grande reação dos patrões”. Herzog vive A reação espontânea e não muito organizada ao assassinato de Vlado, que culminou no ato da Sé, e a repercussão do caso de Manoel Fiel Filho deram gás para que imprensa, movimentos sociais, entidades da sociedade civil, igreja e sindicatos se articulassem para derrubar a ditadura. As greves do ABC e do professorado paulista, a partir de 1978 rearticularam o movimento sindical. A campanha pela Anistia ajudou a trazer de volta lideranças políticas como Leonel Brizola e Miguel Arraes, intelectuais e pensadores do Brasil, como Paulo Freire. Nos anos 1980, a campanha Diretas Já, a eleição de um civil pelo colégio eleitoral e a primeira eleição direta para presidente ajudaram a recolocar o País na trilha da democracia. A memória de Vlado, desde então, tem sido evocada. Ainda nos anos 1980, foi criado do Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos, uma iniciativa em princípio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, depois acolhida pelo Instituto Vladimir Herzog, criado apenas em 2009 e dirigido por Ivo Herzog, filho de Vlado. Nesse tempo, também foi longa a luta da família Herzog, com Clarice à frente, por justiça de fato. Foi preciso levar o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos para que o Estado brasileiro iniciasse o processo de reconhecimento de sua responsabilidade na morte dele, a partir de 2014, na Comissão Nacional da Verdade, embora ainda haja uma condenação da Corte, de 2018, pelo Brasil não investigar, julgar e punir os responsáveis pela tortura e assassinato de Herzog, situação que perdura até hoje. E só recentemente, já em 2025, Reportagem de Kotscho no Estadão sobre a morte de Fiel Filho Troféu do Prêmio Vladimir Herzog, por Elifas Andreato
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