Jornalistas&Cia 1535A

Edição 1.535 - pág. 3 ANOS ESPECIAL Neste especial, que se soma às múltiplas homenagens e iniciativas em memória de Vladimir Herzog, pela passagem dos 50 anos de seu brutal assassinato no DOI-CODI, em São Paulo, dentro do que se convencionou chamar de “os porões da ditadura”, Jornalistas&Cia busca reconstruir parte do clima e dos acontecimentos que chacoalharam e enlutaram o País naquele fatídico 25 de outubro e que, afortunadamente, transformaram-se na centelha que viria a incendiar boa parte da sociedade brasileira na luta pela redemocratização. Convidamos para esta “homenagem jornalística” o jornalista Carlos Carvalho, que tem em sua biografia jornadas relevantes em conexão com vários movimentos sociais, quase todos impactados positivamente pelos desdobramentos históricos daquele ignóbil período vivido sob a égide da ditadura militar. Boa leitura! Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli “Há um abismo entre homens e homens, o horror” Caetano Veloso, em Um comunista, canção em homenagem a Carlos Marighella, assassinado pela ditadura militar Por Carlos Carvalho (*) 50 anos depois de seu assassinato, VLADO VIVE! Vladimir Herzog Wilson Ribeiro/IVH Nos primeiros dias de outubro de 1975 a mão pesada da repressão militar desceu sobre uma nova leva de inimigos da ditadura. O alvo eram jornalistas que tinham alguma ligação ou contatos com a direção do Partido Comunista Brasileiro, o PCB, também conhecido como “Partidão”. Nas redações e na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo o clima era de grande tensão, medo e incerteza. E a ação do aparelho de repressão voltou-se contra a redação da TV Cultura, emissora então de caráter estatal, em que um grupo de jornalistas, chefiados por Vladimir Herzog, trabalhava pautas de interesse popular, como a carestia, que dominava a preocupação das famílias com altas recorrentes dos preços de

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