Jornalistas&Cia 1412

Edição 1.411 página 47 5 de junho de 1983. Seu Adolpho Bloch, dono da TV Manchete, e Zevi Ghivelder, um dos sócios e diretorgeral de Jornalismo da Rede foram aos Estados Unidos buscar um especialista que pudesse ajudá-los a montar a emissora do ano 2000, como era chamada. Trouxeram um sujeito que, diziam, havia apertado o botão de ignição do foguete que levou o homem à Lua, pela primeira vez – o Apollo 11, que partiu no dia 16 de julho e desceu na Lua no dia 20 de julho de 1969. Ele veio para passar um tempo até a TV estar no ar e voltar para a América. Pelos relatos de quem conviveu com Sam Tolbert, dizem que nunca mais voltou para os EUA. O cara ajudou a comprar os melhores equipamentos da época, a melhor tecnologia que existia. Isto é, a Rede Manchete seria a TV com o maior aprimoramento técnico daquele período. E o jornalismo seria seu carro-chefe. Vários jornalistas e âncoras foram contratados; inclusive eu, que fui o segundo apresentador a entrar no time do Jornal da Manchete. E tome de pilotos, treinos, simulações. Tudo como se fosse valendo, mas preparando para estrear no dia 6 de junho de 1983. A TV estreou no domingo, dia 5 de junho de 1983, com um pronunciamento do Seu Adolpho, emocionado por estar proporcionando Luiz Santoro n A história desta semana é de Luiz Santoro, ex-TV Manchete, SBT e Band, que lança na próxima segunda-feira (5/6), no Rio de Janeiro, o livro Rede Manchete – 40 anos de histórias vivas, que ele organizou com depoimentos de ex-colaboradores do extinto canal de TV (veja nota em Rio de Janeiro, na pág. 40). O texto é um dos que integra o livro. A voz muda ao país uma TV diferente das que existiam na época. Claro que foi gravado. Ele teve que ler no Teleprompter o texto que lhe foi preparado para aquele momento. Impressionantemente, leu com muita naturalidade e entusiasmo. E como a Manchete tinha um grande salão, no último andar, que servia de restaurante mais luxuoso, foi esse o local escolhido para receber os convidados, comemorando a inauguração da Rede Manchete. Primeiro, Seu Adolpho, depois um show com a estrela Watusi, dirigido por Maurício Shermann e, por último, um filme inédito na TV brasileira, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, de Steven Spielberg. E ainda a vinheta que seria usada até o fim da Manchete, onde o “M” voava por todos os cantos do Brasil, numa computação gráfica de fazer inveja aos nerds daquele tempo. Resumindo: uma abertura para “arrebentar a boca do balão”! Tudo pronto e lá vamos nós! A Manchete vai começar sua vida na TV! Todos reunidos, ansiosamente, no grande salão. Convidados de todos os naipes! Expectativa! Seu Adolpho vai entrar no ar! E começa! Mudo! Nem uma palavra é ouvida! Fala, mas nada de som! Slide no ar! Cagada à vista! Esqueceram-se de ligar o botão que dava som ao vídeo... Consertada a burrada, Seu Adolpho fez seu pronunciamento e leu todo texto que havia gravado. Alguém profetizou: “Isso vai dar merda!”. Parceiro: Apoio: De Londres e de São Paulo, notícias, ideias e tendências em jornalismo, informação, desinformação e plataformas digitais Oferecimento (MediaTalks Partner):

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