Jornalistas&Cia 1412

ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Edição 1.412 - 31 de maio a 6 de junho de 2023 Você, algum amigo ou alguém da equipe tem uma boa história de redação, de jornalismo ou mesmo de assessoria de imprensa? Então mande para nós, no J&Cia, para [email protected]. Valem histórias engraçadas, curiosas, dramáticas, aquelas que a gente conta no bar e que quer transformar em livro! Maturidade é uma realidade, mas desafios continuam imensos

Edição 1.411 página 2 Pela segunda vez, Jornalistas&Cia dedica um de seus especiais à mídia nativa digital, que está transformando de forma veloz e intensa o jornalismo em todos os quadrantes do planeta. Se na primeira investida abrimos espaço para o que poderíamos chamar de “guerrilheiros digitais da imprensa”, pelo impetuoso e persistente trabalho jornalístico avançando sobre os cânones da mídia tradicional, com sucesso, mas permanentemente desafiados em sua sustentabilidade, desta vez quisemos fazer um mergulho em alguns dos grandes veículos nativos digitais. Aqueles que têm feito a diferença e que, com o poder adquirido, vão mexendo com as audiências, com os formatos, com a linguagem, e, assim, fazendo com que o protagonismo do jornalismo no mundo mude de lado, inclusive no Brasil. Neste Dia da Imprensa (1º/6), interessante voltarmos 23 anos no tempo, para recordar a chegada intempestiva da internet na vida de todos nós, particularmente no jornalismo, quando o novo se mostrava uma caixa preta que todos temiam, mas não queriam perder de vista. Quanto se leu e se discutiu sobre sustentabilidade dos negócios da mídia, dos novos caminhos, das tentativas de cobrar ou não pelos conteúdos (o tão falado paywall, que vai virando ficção a cada dia), de como monetizar plataformas e veículos (com publicidade, com assinatura, com os dois, sem os dois etc). Ninguém sabia absolutamente nada, aliás, como aconteceria com a própria pandemia da Covid-19. Mas toda aquela ebulição, com tantos palpites, chutes, pensatas, foi decisiva para a construção dos caminhos. E se hoje já temos mais certezas sobre como deve ser o jornalismo apoiado no mundo digital, e se essa maturidade nos permite enxergar oportunidades e prosperidade onde antes só havia incertezas nesse novo mundo editorial, o certo é que tudo o que sabemos e descobrimos é nada perto do que está à nossa frente, logo ali na esquina. Temos desafios, muitos, como o combate às fake news, o enfrentamento aos algoritmos (que mudam ao sabor dos interesses das big techs), a preparação das novas gerações de jornalistas, a lapidação da linguagem digital no sentido de engrandecêla, o engajamento das novas (e mesmo das antigas) gerações para o jornalismo de qualidade, entre tantos outros. Não é pouco, sabemos, mas é uma responsabilidade e uma missão da qual não se pode fugir. Aliás como sempre foi, desde que o jornalismo existe. Nosso especial traz um pouco dessa inquietação, pelos olhares de vários colegas que hoje estão nessas frentes digitais do jornalismo. E quem com eles falou, liderando essa edição, foi Maysa Penna, profissional de larga experiência, que nos traz um alentado panorama desse novo mundo dos nativos digitais do jornalismo brasileiro, apontando caminhos e inquietações que certamente serão decisivos para o aperfeiçoamento da atividade. Certamente nossos leitores perceberam algumas ausências entre as fontes ouvidas. Não é demais lembrar que muitas delas estiveram em nosso último especial, dedicado às mídias de porte financeiro menor, mas que a cada dia se agigantam editorialmente. E outras não responderam ao nosso convite para contar sobre suas experiências e perspectivas. Uma pena... Os nossos agradecimentos vão adicionalmente para as marcas que, apoiando o jornalismo de qualidade, estão ao nosso lado na celebração deste Dia da Imprensa. Boa leitura! Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli

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Edição 1.411 página 4 Desde que a transformação digital impactou o jornalismo tradicional, a grande discussão tem girado em torno de como encontrar um modelo de negócio que remunere a atividade, tornando viável a sobrevivência dos títulos. Enquanto as grandes casas editoras brasileiras enfrentavam o desafio, os nativos digitais foram surgindo e praticamente respondendo a essa questão de maneira natural: conheça seu público e você encontrará o caminho. O que parece uma fórmula fácil não tem nada de simplista e chega a pedir até mesmo o envolvimento de profissionais que, ainda agora, só são vistos por grande parte do jornalismo como público leitor: cientistas e analistas de dados. Tudo porque não apenas o modelo comercial, mas principalmente formato e conteúdo jornalístico dependem intrinsecamente de responder à necessidade e à demanda do público por informação. Embora nenhum editor arrisque essa afirmação tão categoricamente, talvez seja esse o grande trunfo dos nativos digitais: eles já nasceram buscando o público, ao contrário dos veículos tradicionais, onde o formato, a linguagem, a cobertura, o design eram determinados pela editora e o leitor é quem buscava o meio de se informar. Nessa relação, o leitor elegia um veículo, assinava por períodos longos (um ano ou mais) e estava resolvido seu acesso à informação – na outra mão, as casas editoras garantiam um faturamento cativo, complementado por anúncios, principalmente classificados. O mundo digital inverteu essa lógica e extinguiu as zonas de conforto ao eliminar as barreiras de acesso à mídia. Hoje, 84,3% da população brasileira estão na internet (Fonte: Meltwater, empresa global de monitoramento de audiência online). Cada usuário é um produtor e um disseminador de conteúdo em potencial. Segundo Por Maysa Penna (*) ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Cada um precisa encontrar um formato próprio, que viabilize a sua existência (*) Maysa S. Penna, jornalista e publicitária, construiu sua carreira no jornalismo econômico e na comunicação corporativa praticamente em partes iguais, além de ter atuado em propaganda como redatora de criação. Integrou o grupo de empresários de comunicação que fundou a Abracom e foi a primeira presidente do Conselho de Ética da Entidade. Atualmente se dedica à produção de conteúdos para plataformas jornalísticas e redes sociais.

Ir além é ter as pessoas como a nossa prioridade. Para a Bayer, a aliança entre tecnologia, sociedade e diversidade, equidade e inclusão é a forma correta de fazer negócio: colocando as pessoas no centro e a ciência a serviço de uma vida melhor. Melhor para você, melhor para todos nós. Se é Bayer, é bom.

Edição 1.409 página 6 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), a proporção dos quase 160 milhões de internautas brasileiros que postaram conteúdo de sua autoria (textos, imagens ou vídeos) saltou de 31% em 2021 para 43% em 2022. E, para o bem ou para o mal, é esse oceano de informação ou desinformação em que o jornalismo tenta navegar, sem amarras, mas também sem porto abrigado. Não existem receitas, não existem modelos, não há fórmulas prontas. Cada um precisa encontrar um formato próprio, que viabilize a sua existência, investindo pesado em qualidade que o diferencie da concorrência e percebendo que, aqui, qualidade não se restringe ao conteúdo, mas chega até o design, passando pela linguagem mais apropriada para cada formato e público. O que é o quê Os brasileiros são os que mais consomem informação online em toda a América Latina, segundo a Comscore (consultoria norte-americana de análise de mídia, referencial para o mundo publicitário): 96% dos usuários brasileiros consomem conteúdos jornalísticos digitais. A média mundial é de 90%. São mais de 126 milhões de brasileiros acessando informação online, 63% dos quais pelo celular. Se esta parece uma boa notícia, talvez não haja, aqui, muito a comemorar. Porque o usuário não distingue muito bem redes sociais de produtos jornalísticos. Segundo Marcelo Rech, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), o mundo digital virou de cabeça para baixo o cenário da informação: “No Brasil, assim como nos Estados Unidos, a educação midiática é quase inexistente. Na cabeça do usuário, tudo é jornalismo, até os sites de baixa qualidade, que só buscam audiência, o pseudojornalismo”. O resultado, acrescenta Rech, é que “o público acaba entendendo que o jornalismo é aquele que difunde a minha opinião”, como se viu com muita clareza no pico da polarização política recente. Esse é um problema que atinge não apenas os veículos tradicionais em sua migração para o digital, mas os próprios nativos estão tentando encontrar soluções para superar a falta de educação midiática. Márcio Chaer, diretor do Conjur (Consultor Jurídico), nativo digital com a segunda maior audiência no Brasil (média de 2,7 milhões de visitantes únicos/mês em 2022 − Fonte: Marcelo Rech

Nosso muito obrigado a quem ajuda a fortalecer, todos os dias, a nossa democracia. Dia da Imprensa 1º de junho

Edição 1.409 página 8 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Comscore), focado na cobertura da Justiça e do Direito, desde 1997, vai ainda mais longe ao pontuar a questão: “O leitor não diferencia muito bem o que seja publicidade do que seja notícia. Mesmo no meio jurídico, eles entendem tudo como artigo, chegam a chamar publicidade de artigo”. Para Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco, nativo digital com a sexta maior audiência do País (média de 1,6 milhão de visitantes únicos/mês em 2022 − Fonte: Comscore), “as pessoas são muito menos informadas do que a gente imagina”. Na cobertura diária da política brasileira, ele afirma que o interesse crescente da população sobre o tema criou uma necessidade no jornalismo digital: o aprofundamento da cobertura: “Ficou patente a necessidade de educar para a mídia, as pessoas precisam aprender a ler jornal, seja em que plataforma for”. Costa se diz muito impressionado com o grau de ignorância e de falta de informação em todas as áreas, “mas no meio empresarial chega a ser chocante”, confessa. O problema, em sua opinião, é o fato de que o processo de informação de hoje se dá, em grande parte, dentro de bolhas – aqueles grupos que replicam as mesmas informações e opiniões sem conhecer o que acontece do lado de fora. “Talvez a credibilidade do jornalismo fosse menor do que a gente imaginava. Grande parte da influência dessas pessoas que produzem conteúdo mas não são jornalistas se deve à credibilidade que o jornalismo perdeu nos últimos anos”, acredita ele. Navegação em bolha somada ao aumento da produção e reprodução individual de conteúdos, num ambiente que tem dificuldade de distinguir entre jornalismo e redes sociais, é o caldo perfeito para o crescimento da concorrência. Não, não com outros veículos, mas com as fontes. “Tem muita notícia rápida e uma desintermediação da produção de notícias”, explica Leonardo Attuch, diretor presidente do Brasil 247, oitava maior audiência entre os nativos digitais (média de 1,5 milhão de visitantes únicos/mês em 2022 – Fonte: Comscore). Hoje, as fontes Leonardo Attuch Márcio Chaer Sylvio Costa

De tempos em tempos, o mundo muda o ritmo. E, a cada mudança, parece que tudo corre mais rápido. Tentar seguir esse tempo faz parecer que estamos sempre perdendo algo. Por isso, a Vivo convida você a olhar para o tempo de uma nova forma: #TemTempoPraTudo. Para criar um equilíbrio entre fazer e sentir, realizar e sonhar, acelerar e apreciar. Para conseguir ficar OFF sem parar de estar ON. Para viver o novo sem deixar de lado outras formas de viver. Viva no seu tempo Não há tempo perdido. O que vale é seu tempo.

Edição 1.409 página 10 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital se manifestam diretamente nas redes sociais e interagem com o público real time, online. Atucch revela que o Brasil 247 chegou a usar apenas as manifestações em redes sociais do presidente da Petrobras para noticiar as recentes mudanças da política de preços da companhia, sem necessidade de entrevistá-lo. “Poderíamos fazer uma entrevista, sim, poderíamos, mas tudo o que precisávamos, com a agilidade que meio exige, já estava nas redes sociais”, explica. O público mudou O Brasil é o segundo país mais conectado do mundo em termos de horas de uso: internautas entre 16 e 64 anos de idade navegam, em média, 9,32 horas por dia (atrás apenas da África do Sul, com a média de 9,38 horas/ dia), segundo o relatório Global Overview 2023 − Meltwater. Nesse período, esses internautas utilizam, em média, 8,4 redes sociais por dia. Tamanha familiaridade com o mundo digital transformou a maneira como o público se comporta em relação à mídia: se antes era audiência, hoje ele se sente dono dela. Ou seja, o público rejeita o modelo vertical do “eu falo, você escuta”, preferindo a interação, a conversa, mesmo quando se trata de jornalismo. Ranking das redes sociais (mundo) em milhões de usuários Facebook Youtube WhatsApp Instagram Wechat TikTok FBMessenger Douyin Telegram Snapchat Kuaishou Sina Weibo QQ Twitter Pinterest Fonte: Meltwater 2,958 2,514 2,000 2,000 1,309 1,051 931 715 700 635 626 584 574 556 445

BR-26724 Produzido pela Novartis Brasil em maio/2023. Material destinado ao público geral. Proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização da Novartis Brasil. Pipeline em terapias radioligantes³ 10 milhões de vidas impactadas somente em 2022¹ Siga nossos canais nas mídias sociais @novartisbrasil Conheça mais sobre nossa história, acesse o QR Code e saiba mais. Dados internos Novartis Brasil, disponibilizados em 24 abr 2023 Disponível em <https://www.novartis.com/br-pt/news/e-com-orgulho-que-novartis-anuncia-o-lancamento-de-zolgensma-onasemnogeno-abeparvoveque-no-brasil > e <https://revista.abrale.org.br/car-t-cell-e-a-nova-promessa-para-o-tratamento-da-leucemia-e-do-linfoma/ > Acesso em 23 abr 2023 Site Novartis Global) Seção Novartis Public Pipeline. Disponível em < https://www.novartis.com/research-development/novartis-pipeline > Acesso em 23 abr 2023 Site Novartis Brasil, disponível em < https://www.novartis.com/br-pt/esg/doencas-negligenciadas > Acesso em 23 abr 2023 1. 2. 3. 4. Na Novartis, acreditamos que o acesso à saúde começa com o acesso à informação. Parabenizamos a todos os profissionais de mídia que diariamente contribuem com a educação em saúde no Brasil. Compromisso com doenças negligenciadas⁴ Pioneirismo em terapia celular e terapia gênica²

Edição 1.409 página 12 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital O público não conta mais com a curadoria dos editores dos veículos para consumir informação. As notícias chegam às pessoas de maneiras diferentes, na maioria das vezes por compartilhamentos nas redes sociais ou por flashes dos agregadores de notícias. O Google, com 129,92 milhões de visitantes únicos/mês, e o Facebook, com 125,45 milhões de visitantes únicos/ mês (março de 2023 − Fonte: Comscore), lideram a conquista de atenção dos internautas brasileiros. Mateus Metzel, diretor executivo do Poder 360 (nativo digital líder de audiência no País, com média de 8,9 milhões de visitantes únicos/mês em 2022 – Fonte: Comscore), acredita que a maior mudança não ocorreu nas empresas jornalísticas, mas na maneira como o público se relaciona com a notícia. Ele vai direto ao ponto: “A capacidade de os veículos conduzirem o debate não existe mais, não adianta discutir se é melhor ou pior. Hoje é assim e não adianta perder tempo debatendo sobre como seria o mundo ideal e deixar o mundo real passar”. Segundo Metzel, é preciso diversificar a maneira de entregar o produto e buscar entender que tipo de leitor está sendo atingido. “Antes os jornalistas escreviam para os seus chefes ou para os colegas de redação”, acrescenta Sylvio Costa. “Com a digitalização, ganhou-se a oportunidade de falar diretamente com o público e então descobriu-se o grande fosso entre aquilo que se escrevia e as expectativas do público. As pessoas queriam coisas mais simples, mais fáceis, mais mastigadas. Ou, menos aquilo que aconteceu nos últimos 5 minutos e mais explicação, mais didatismo”. Mateus Metzel Top 5 multiplataformas do Brasil em número de acesso únicos e tempo de visualização (março 2023) Multiplataforma Visitantes únicos/mês (em milhões) Tempo médio de navegação (em minutos) Sites Google 129,920 1,344 Facebook 125,446 2,175 UOL 112,051 34,1 Globo 99,662 52,6 Sites Microsoft 97,919 73,6 Fonte: Comscore

Mecânica de Comunicação 50 anos impulsando negócios e valorizando reputações Desde que foi criada, em abril de 1973, a Mecânica de Comunicação Estratégica tem divulgado, diariamente, os notáveis feitos de empresas nacionais e multinacionais e de setores econômicos e sociais, no País e no Exterior. Mais de uma centena de empresas, instituições e promotores de negócios, de diversos campos, tiveram suas atividades amplamente projetadas na mídia nacional e internacional, com resultados altamente positivos para seus negócios e para a construção e valorização de sua reputação. Conheça melhor o que a Mecânica pode fazer por sua empresa ou instituição, através do site: www.meccanica.com.br

Edição 1.409 página 14 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Sem uma compreensão profunda sobre como o leitor quer receber informação, fica muito difícil levar qualquer tipo de conteúdo ao público, inclusive conteúdo jornalístico. De uma newsletter distribuída por e-mail para empresas, em 2015, o Poder 360 vem, ao longo do tempo, criando estratégias variadas para alcançar o público. Recentemente, afirma Metzel, chegou à impressionante marca de mais de 10 milhões de visitantes únicos no mês. Ele garante que não há fórmula mágica para conseguir uma audiência muito maior que a das marcas jornalísticas tradicionais centenárias. “Precisa diversificar a maneira de entregar o produto e buscar entender que tipo de leitores você está atingindo com cada variação”, explica. A proposta da marca é cobrir o poder e explicá-lo para uma audiência nacional. “E poder não é só política, é também economia, tecnologia, mídia etc”, explica Metzel. Para isso, lança mão de diversos formatos (estrutura de texto diferente, infografia, hiperlinks para íntegras de conteúdos e de documentos, entre outros), tendo sempre em vista a necessidade de informação de sua audiência. “Tratamos de temas muito difíceis para o público em geral, por isso investimos muito em linguagens mais palatáveis. Queremos que as pessoas saibam o que está acontecendo e compreendam tudo em 5 minutos, porque mesmo os empresários e executivos não têm mais tempo para ler, eles têm de se informar e compreender rapidamente”. A linguagem é outra O mundo digital oferece recursos aparentemente ilimitados para os veículos jornalísticos. Texto, vídeo, áudio, infografia, imagens, hiperlinks e até metaverso, além de outros recursos que ainda estão para surgir, são linguagens que podem ser usadas de todas as formas para atingir fatias de audiência diferentes. E devem ser usados, porque fica cada vez mais difícil conseguir a atenção de um público que está, em sua maioria, navegando por meio de um celular (62% dos internautas brasileiros, segundo relatório do CGI.br), por, em média 5,19 horas/dia – a média mundial é de 5,01 horas/dia (Fonte: Meltwater). O Brasil 247, por exemplo, encontrou um caminho promissor de relacionamento com o público no formato vídeo. A TV247, veiculada pelo YouTube, usa uma linguagem mais direta, informal e com isso já conseguiu 1,2 milhão de inscritos no canal. Hoje, segundo Attuch, a TV chega a ser maior que o site. O direcionamento da informação também difere de um formato ao outro: no site está o que aconteceu, na TV o porquê aconteceu. “O site gera os links para compartilhamento e a TV traz um pouco de informação e formação. A interação do público é impressionante”, diz Attuch. “Vídeos sobre o noticiário recente envolvendo o ex-presidente da República chegaram à casa dos milhares de comentários”.

Edição 1.409 página 15 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital “Precisamos rediscutir nossos formatos”, afirma Marcelo Rech. “As maneiras que usamos para transmitir informação ainda são muito tradicionais, muito do mundo analógico. Temos de usar novas linguagens, mais fluídas, mais amigáveis”. O que não significa abrir mão da profundidade, mas sim ter uma densidade informativa maior em um espaço menor. “Nosso trabalho é transformar o assunto importante em interessante e o interessante em importante. Quanto mais os editores trabalharem menos o leitor terá de trabalhar para ser informado. Esse é o desafio da cadeia de produção jornalística. Mas não estamos conseguindo fazer isso ainda”, acredita ele. O jornalismo continua o mesmo – já os jornalistas... A busca de novos formatos e linguagens para se conectar com o público não significa necessariamente que o jornalismo, compreendido em seu processo de produção, vá mudar. Para Octávio Costa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), “o furo continua existindo. O trabalho do repórter de ir atrás de uma informação exclusiva não se altera em função da plataforma digital. Mas é evidente que no digital a rotina é outra. O discurso do presidente é transmitido ao vivo, esta é a informação de rotina, não é a informação especial, a exclusiva, o furo”. O fato de muitos novos produtores de conteúdo estarem brigando pelo espaço jornalístico no mundo digital pode significar apenas a multiplicação de marcas na difusão do que Costa chama de informação de rotina, “aquela que todo mundo dá junto”. Segundo Metzel, “o fazer jornalismo, as técnicas, continuam muito parecidas. É lógico que você tem muitas novidades, mas o trabalho e a ética continuam os mesmos”. A competição entre os jornalísticos está no furo, na informação exclusiva, na qualidade da contextualização, na credibilidade do colunista, entre outros. E isto é jornalismo na sua mais pura essência. De fato, hoje não é necessário acessar um veículo jornalístico para obter informações como tabela do campeonato de futebol ou previsão do tempo: o Google oferece essa informação ao se entrar na plataforma. Mas é nos veículos jornalísticos que estão os debates sobre a partida, as reflexões sobre o aquecimento global e seus impactos, a explicação para o patamar dos juros (o valor das taxas está na barra inferior do Windows). Outro concorrente são os portais das corporações, empresas e organizações, que trazem informação Octávio Costa

Edição 1.409 página 16 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital nas homes e em muitas páginas dos sites. Mas isso não deve preocupar o jornalismo, porque o público reage imediatamente quando enxerga as intenções por trás do produtor/transmissor dos conteúdos, inclusive jornalístico, acredita Attuch. Não se trata de discutir o antes versus o agora. Se o antigo mundo das grandes redações era estimulante, chegando a romantizar a profissão, a universalização do acesso à informação em seus mais diferentes tratamentos, trazida pela internet, é um ganho inegável. “Graças à digitalização, muitos grandes jornalistas que perderam seus espaços no mundo analógico tornaram-se empresários e conseguiram criar veículos relevantes na internet”, lembra Attuch, sem vergonha de confessar um certo traço nostálgico. Grande parte dos nativos digitais está investindo muito em produção primária para conquistar sua fatia de público. Inclusive o primeiro portal de conteúdo do Brasil, o UOL. Com mais de mil canais de jornalismo, informação e entretenimento oferecidos, o portal tem hoje 26 colunistas, 11 selos de conteúdo exclusivo e continua a aumentar sua produção primária, diz Murilo Com o 5G da TIM, a música não para. E as notícias ganham palco. Parabéns a todos os profissionais de imprensa. 1° de junho. Dia da Imprensa.

Edição 1.409 página 17 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Garavello, diretor de Conteúdo. Neste momento, está em fase de ajuste fino mais uma novidade a ser lançada nos próximos meses, mas que Garavello ainda não quer adiantar. “Estamos em permanente busca de novos formatos, temas e linguagens para atender ao público, isso é uma tarefa diária de todos os profissionais da casa, inclusive os jornalistas”, afirma. Isso significa, também, consolidar a marca como produtora de conteúdo e não apenas distribuidora. Na outra ponta do mercado, estão os títulos dedicados a temas específicos, a nichos de leitores que demandam conteúdo especializado e aprofundado. Sem as barreiras de entrada do mundo analógico a impedir os profissionais de ocuparem espaços cada vez mais variados e com o aumento da produção primária de informação pelos veículos jornalísticos digitais, as perdas de postos nas redações tradicionais não deverão ser um problema por muito tempo, acreditam os editores digitais. Até porque, como diz Octavio Costa, “o jornalismo não vai desaparecer, alguém tem de ir buscar a informação e trazer para o público”. Tranquilidade quanto ao futuro da profissão sim, até mesmo um certo otimismo cabe. Mas a velha sabedoria de nossos avós ainda é uma boa conselheira: um olho no gato e outro no prato. Segundo o Reuters Institute, 72% dos editores em todo o mundo (inclusive o Brasil) estão preocupados com o desinteresse crescente do público por notícias. Motivo: cobertura de assuntos muito deprimentes (como as mudanças climáticas ou a guerra na Ucrânia). Murilo Garavello

Edição 1.409 página 18 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital No caso específico do Brasil, passado o pico da polarização política, o público aparentemente mudou de assunto, deixando o noticiário de lado. Segundo o Instituto, conteúdos explicativos (94%), formatos de perguntas e respostas (87%) e histórias inspiradoras (66%) são os três formatos preferidos dos editores para enfrentar a situação em 2023. Na rede o negócio é diferente Se encontrar um formato e uma linguagem é trabalho diário de experimentação e erro, estruturar um modelo de negócios sustentável para o jornalismo digital continua sendo o grande desafio para todos, nativos digitais, veículos tradicionais, novatos e líderes de audiência. “Antes, com um blog o sujeito fazia a festa”, diz Sylvio Costa. Hoje, é necessário estrutura complexa, com cientista de dados, analista de dados estudando e compreendendo audiência, aprimoramento constante dos processos internos para acompanhar o que dá certo e o que não dá certo, especialistas nos assuntos que são cobertos. “Fazer jornalismo ganhou mais complexidade e ficou mais caro também”, afirma ele. O relatório 2023 do Instituto Reuters aponta que menos da metade dos CEOs e editores digitais (44%), inclusive do Brasil, estão confiantes com os rumos do negócio. As maiores preocupações dizem respeito ao menor interesse dos anunciantes – sim, eles estão desfrutando muito bem do branded content − e à queda do número de assinantes. “A gente viu a dificuldade que os jornais tradicionais sofreram. O dinheiro que vem da publicidade digital não chega nem perto do que vinha da publicidade tradicional em papel”, diz Mateus Metzel. “Então, aprendemos que não podemos nos basear em um modelo único”. A newsletter corporativa que originou o Poder 360 ainda é uma fonte importante de receita por assinatura, que ajuda a dar estabilidade ao O pulso da Terra está diminuindo e o solo que alimenta todos os seres vivos está esgotado. Precisamos mudar de direção já, transformando a forma como cultivamos alimentos. O acesso à informação é um fator essencial para cultivarmos um futuro alimentar positivo para a natureza. Por isso, celebramos o Dia da Imprensa. yarabrasil.com.br

Edição 1.409 página 19 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital negócio. Hoje complementada por conteúdo patrocinado, projetos especiais e eventos (Poder Ideias), pesquisas (Poder Data) e novos produtos de nicho que estão para sair do forno, mas ainda são mantidos em segredo. O veículo não pensa em investir nas redes sociais, “porque em médio e longo prazos não podemos construir nosso ativo de leitores na mão de um terceiro, temos isso muito claro desde o princípio”, afirma Metzel. Também não estão abertos à publicidade programática. “Isso poderia comprometer a imagem de marca – preferimos ter conteúdos patrocinados”, acrescenta o diretor. Já o Congresso em Foco combina publicidade com eventos (o principal é o prêmio Congresso em Foco) e uma área de informação e análise que fornece produtos na forma de pesquisas e relatórios. “Acreditamos que o modelo de negócios vem dessa combinação, produtos que tem parte livre, parte vendida”, afirma Sylvio Costa. Para ele, o ponto nevrálgico está na distribuição do conteúdo: “Hoje isso é chave. As pessoas não vão mais atrás dos veículos, são os veículos que precisam ir atrás das pessoas”. O mix de conteúdo com eventos também é a aposta do Conjur, que tem seu carro-chefe no Prêmio Conjur. Já o Brasil 247 prefere o modelo de negócio sustentado pela publicidade, tanto que 40% de seu faturamento vêm de propaganda programática e 30% de venda direta. Os outros 30% vêm das chamadas assinaturas, que são, na verdade, contribuições, uma vez que não existe qualquer intenção de fechar o conteúdo do veículo para assinantes, mesmo que em pequena parte. A crença na manutenção de conteúdo aberto, porém, não é compartilhada pelo mercado. Nem aqui, nem lá fora. O relatório Reuters diz que a maioria dos veículos (80%) pretende reforçar as receitas por assinatura este ano, apostando nesse formato mais do que na publicidade. Ao mesmo tempo, darão muito menos atenção ao Facebook e ao Twitter, concentrando esforços em TikTok, Instagram e YouTube, buscando a audiência jovem.

Edição 1.409 página 20 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital O que vem por aí Não é fácil prever o que vem pela frente em um ambiente intrinsecamente evolutivo como o mundo digital. Como se diz no jargão, trata-se de um ecossistema em pleno estado de ebulição, que mal começou a mostrar seu potencial de mudança da sociedade. Olhando para o momento, as observações mais óbvias mostram um período tradicional de adaptação dos veículos aos novos tempos: muitas marcas surgindo para tentar conquistar nichos, outras morrendo porque não terão sustentabilidade, muitas outras fundindo seus negócios. No médio prazo, porém, os veículos já devem estar mirando seu público de amanhã. Mais ou menos como os grandes jornais faziam quando lançavam suplementos infantis (criar o hábito da leitura de jornais nas crianças que seriam seus assinantes no futuro), os veículos jornalísticos de hoje precisam pesquisar e descobrir desde agora os formatos e linguagens de interação com seu público de amanhã. “Espero que num futuro próximo estejamos produzindo conteúdos de mais qualidade e ao mesmo tempo mais sedutores, mais atraentes, mais de acordo com aquilo que a meninada espera”, diz Sylvio Costa, consciente de que a geração millenium já representa pouco mais da metade da audiência do Congresso Em Foco. “No começo, nosso público era formado por políticos, jornalistas, muitos aposentados. Conseguimos transportar nosso veículo para a comunicação com os millenials. Mas não posso transformar isso numa zona de conforto, tenho de encontrar a forma de me comunicar com a geração Z”, diz ele. Chegar aos Zs pelas redes sociais é uma alternativa, mas não se mostra atraente do ponto de vista comercial – os nativos digitais estão descobrindo que o melhor dos mundos é aquele em que o negócio está livre de intermediações. Encontrar a maneira de ser atraente, amigável, desejável com conteúdos e distribuição próprios é outro caminho, mas é mais complexo, exige competências que os jornalistas ainda não têm − para análise de dados, por exemplo – e custa mais caro. Não é mais suficiente trabalhar com jornalistas e programadores visuais, é preciso desenvolvedores de sistemas, analistas de dados, engenheiros de imagem e de som, uma equipe multidisciplinar de profissionais competentes capazes de, juntos, criarem e recriarem os produtos jornalísticos diariamente. HÁ 10 ANOS APERFEIÇOANDO O MERCADO DE COMUNICAÇÃO VOCÊ TEM QUE ESTAR AQUI! A MAIOR FERRAMENTA DE ENVIO DE RELEASES DO BRASIL! MAIS DE 55 MIL JORNALISTAS NO MAILING DE IMPRENSA! O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO PARA CONTRATAR?

Edição 1.409 página 21 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Também não é possível dizer onde estará a audiência daqui há um ano ou dois. A maioria dos veículos jornalísticos tradicionais (e as figuras públicas) ainda concentra sua distribuição de informação em plataformas como Twitter, cuja audiência encontra-se em franco declínio, enquanto a audiência jovem está... – você vai dizer no TikTok, mas se estiver no Reino Unido, a agência reguladora britânica Ofcom dirá que está no Instagram, enquanto, olhando o mapa global, a Meltwater dirá que ela está no YouTube. Leonardo Attuch segue a análise global: grande parte da produção primária de notícias do Brasil 247 é feita pela TV (100% das entrevistas) e depois os conteúdos são formatados para o site. Com 80% da audiência proveniente da distribuição pelo UOL no início, o Congresso em Foco hoje diminuiu essa participação para 17% e consegue mais de 40% do seu público por meio de acessos diretos. E o Poder 360, também distribuído pelo UOL, nunca teve mais de 5% de audiência vindos das redes sociais. Marcelo Rech acredita que a regulamentação das plataformas tem de acontecer e isso vai ter impacto tanto na distribuição de conteúdo quanto na monetização da produção jornalística. E, enquanto não se tem certeza do que vai acontecer sobre a regulamentação das plataformas, toda esta discussão já pode estar sendo atropelada pela inteligência artificial. “Temos de ter muita cautela porque a IA pode mudar tudo de repente”, afirma Attuch. Uma das mudanças já previstas é a formatação de busca: os veículos ainda não encontraram uma forma considerada justa comercialmente para aparecer nos buscadores e a IA já não entrega mais os links, mas um conteúdo pronto. Sim, a IA apresenta uma série de problemas, mas ela mal chegou ao mercado. Alguém se arrisca a prever como isso tudo vai estar em três anos? “Quem não está atento à IA não está entendendo o que está acontecendo”, complementa Atucch. Mas talvez a pergunta seja: alguém estará de fato entendendo o que vem por aí? No Dia da Imprensa, parabenizamos os profissionais que levam informação confiável e acessível para a população. Esse é o trabalho que preserva a democracia e constrói uma sociedade forte e consciente.

Edição 1.409 página 22 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Chegando agora Finsiders Com a carreira consolidada na grande imprensa, Danylo Martins foi levado ao empreendedorismo digital por suas fontes das áreas de tecnologia e financeira. “Muitos de meus contatos, principalmente nas fintechs diziam que eu deveria criar um canal de informação próprio, mais especializado e focado do que a cobertura dos veículos tradicionais”, conta ele. Há três anos, Martins resolveu somar ao seu trabalho de repórter independente a produção de uma newsletter com as principais notícias da semana no segmento das fintechs, distribuída inicialmente para seu grande mailing de fontes e depois ampliando o público a partir, principalmente, da rede LinkedIn. Nascia assim o Finsiders, um modelo de negócio baseado na alta especialização da cobertura, oferecido a executivos financeiros que precisam de informações estratégicas para o seu dia a dia. “Nosso objetivo é trazer informação exclusiva, furos, bastidores, reportagens contextualizadas e conteúdo de alta qualidade para esse nicho”, pontua Martins. Para um público bastante definido − fundadores de fintechs, diretores de bancos, executivos do mercado financeiro, associações –, o Finsiders se apresenta com um design muito diferente dos tradicionais veículos jornalísticos. Criativo, clean, com um bom equilíbrio entre imagem e títulos (não, não entram textos na home), em três anos atingiu mais de um milhão de visualização únicas, registrando seu maior crescimento (+50%) em 2022, em comparação com 2021. Hoje, o Finsiders tem mais de 50 mil pageviews/mês, 3 mil leitores únicos/mês, 3,5 mil leitores qualificados no mailing, uma taxa de mais de 30% de abertura de e-mails e mais de 25 mil seguidores nas redes sociais. Sua fonte de recursos é a venda de patrocínios em forma de branded content ou eventos, como o Prêmio Finsiders, que já está em sua segunda edição. Ainda não há lucro, mas o empreendimento já se paga. E traz muita satisfação a seu criador. “No Finsiders tenho mais espaço para criatividade, mais liberdade, não só no tamanho dos textos, mas na linguagem, nos títulos, no uso de imagens, infografia, a linguagem é diferente”, explica o jornalista. “Como meu leitor é muito especializado, posso utilizar a linguagem de nicho diretamente, sem explicações”. Em tempos de economia da atenção, onde todos estão disputando 30 segundos do tempo do público, Martins acredita que é preciso trazer conteúdo original, qualificado, inovador. Para ele, no momento em que os veículos tradicionais começaram a migrar para o digital encontraram um desafio tremendo, que não estavam preparados para enfrentar. “Você não pode puxar uma matéria do impresso e subir para o digital, são coisas completamente diferentes. É preciso entender que o conteúdo digital é outra coisa, não pode ser um pdf do impresso”. Até porque o leitor tem gasto cada vez menos tempo em cada visualização. No Finsiders, o leitor permanecia, em média, 4 minutos. Hoje, o tempo caiu para 3 minutos. Por isso Martins está procurando fazer coisas cada vez mais ágeis. Por enquanto, a satisfação profissional ainda é o maior lucro. “Muita gente já me disse que fechou negócio por causa do que leu no Finsiders”, orgulha- se o publisher. 3 Cases Danylo Martins COM O COMPROMISSO DE INFORMAR, A IMPRENSA SE MANTÉM COMO UM FAROL QUE ILUMINA ESTE MUNDO EM CONSTANTE TRANSFORMAÇÃO. UMA HOMENAGEM DA PIRELLI AO DIA DA IMPRENSA. AF_RODAPE_PIRELLI_IMPRENSA_196x40mm.pdf 1 29/05/2023 10:50

Edição 1.409 página 23 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Conquistando o nicho Agência iNFRA Há seis anos no mercado, a Agência iNFRA, dos sócios Dimmi Amora e Leila Coimbra, já se consolida como referência na cobertura especializada do setor de infraestrutura. É um nicho, mas com características mais abrangentes: infraestrutura é um setor multisetorial, se assim se pode dizer. Ambos jornalistas nascidos e criados nas redações da grande imprensa, Amora e Coimbra sabem que algumas coisas no processo jornalístico são indiferentes à plataforma utilizada: qualidade de apuração, ética, fontes, entre outras. Mas também têm clareza do que o jornalismo tradicional precisa deixar para trás para poder enfrentar o mundo digital. “Uma delas é a forte hierarquia das redações” afirma Amora. “São muitos estágios entre o estagiário e o editor-chefe, muitas posições de comando intermediando a operação”. Para ele, as funções intermediárias precisam voltar para a produção. Afinal, são jornalistas experientes, talentosos, ou seja, mais preparados para fazer boas reportagens, mas que estão sobrecarregados de funções administrativas. A adaptação da linguagem ao público já não é mais ponto de discussão. Na Agência iNFRA, o público mais tradicional é atendido com uma abordagem também mais tradicional dos assuntos, mas sempre com informação muito especializada, aprofundada e inédita. “Estamos numa floresta comunicacional que tem de tudo, inclusive erva-daninha”, afirma Amora. “Os veículos têm de saber muito bem para quem estão falando. A interação com o público, nesse sentido, é essencial. Eu e minha sócia é que fazemos essa sondagem, tomamos o pulso do público continuamente”. Com essa experiência, ele dá uma pista para quem pretende empreender no jornalismo digital: “Você tem de entender o que o público está procurando e não está recebendo. Depois, saber como atender a essa necessidade e então procurar o modelo de negócio que vai viabilizar o produto. Não importa o modelo, importa viabilizar o produto”. Os principais produtos da Agência iNFRA são a newsletter com duas edições diárias e os alertas por WhatsApp. Ambos distribuídos por assinaturas corporativas e conteúdo exclusivo. Já o portal traz, no máximo, 30% do que é produzido e com uma abordagem menos aprofundada, mais adequada ao público em geral. Na Agência iNFRA, as assinaturas sustentam 90% do negócio. Por isso os sócios estão pensando em como reduzir essa dependência para algo em torno de 50%, buscando maior equilíbrio para o planejamento estratégico. Para isso, deverão investir na melhoria de sua estrutura comercial. Mas desde já têm bastante claro que não pretendem investir em parcerias com as plataformas, porque, na opinião de Amora, isso fragilizaria o controle do veículo. “Se você depender da intermediação das plataformas, você está na mão delas e isso pode até matar o negócio. Eu, particularmente, acho que esse é um risco que ninguém deve correr”, conclui. 3 Cases Dimmi Amora No Dia da Imprensa, o presente que mais gostamos: Acesse o QR Code e confira dados relevantes sobre a imprensa nacional e internacional no estudo que organizamos especialmente para o Dia da Imprensa.

Edição 1.409 página 24 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Adeus papel Grupo Perfil O grupo argentino Perfil, criador de Caras, é uma das mais tradicionais casas editoras da América Latina. Sua revista mais conhecida chegou ao Brasil em 1993, e permanece imbatível no segmento life style. Longe de ser um nativo digital, o Grupo Perfil é um dos que melhor e mais rapidamente soube fazer a transição do papel para a internet, trazendo de volta à liderança várias marcas tradicionais que estavam no fim de sua vida analógica: Contigo, Manequim, Máxima, Bons Fluídos, Atrevida, RollingStone, Aventuras na História, Ana Maria, entre outras. O caminho para encontrar o sucesso, segundo Luis Maluf, diretor-geral do Perfil no Brasil, foi ver as marcas como um modo de cobertura e não uma plataforma essencialmente. “Nós queríamos estar em todas as plataformas possíveis o quanto antes”, conta, o que foi obtido com a criação de uma central de produção editorial encarregada de toda a cobertura e de passar material para os núcleos de jornalistas que transformam os conteúdos para as linguagens específicas de cada produto. Cada plataforma tem uma linguagem própria, muito característica, e conta com um time de jornalistas especializados para cuidar delas. “O nosso core não muda, mas a linguagem para cada plataforma é completamente diferente no produto final”, explica Maluf. Ele chama o processo de via crucis e diz que para atravessálo com os resultados que o Grupo Perfil atinge o foco é firmemente mantido em qualidade, distribuição e autoridade. E explica melhor: “Cada marca tem de ser autoridade no assunto que trata, tem de ser referência no seu nicho de mercado”. Isso implica otimizar a relação com a audiência da sua marca, uma vez que a relevância é fundamental para se manter no top brand. “Eu sempre pergunto à equipe: faz parte da autoridade da marca? Se não faz, esquece. Se faz, vai em frente, não importa quão polêmica seja a pauta. Não vou mudar o conteúdo e o perfil por causa de audiência, a marca não pode perder autoridade no segmento que cobre”. Maluf conta que houve uma fase, na internet, em que todo mundo copiava todo mundo. “Agora, com o avanço da tecnologia dos algoritmos, os buscadores estão filtrando mais a repetição e trazendo mais os conteúdos autorais, dando maior relevância a eles”, afirma. “Hoje os jornalistas têm de entender de tecnologia para poderem fazer parte do ambiente digital. Aquele texto que aprendemos a fazer na faculdade − não repetir palavras, cuidado com a ortografia e perfeição na gramática – já não serve mais. É preciso entender de SEO, repetir palavras-chave várias vezes, até mesmo usar a linguagem das mensagens de texto com abreviação para se comunicar da forma e 3 Cases Luís Maluf

Edição 1.409 página 25 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital 3 Cases com a agilidade que cada público demanda”, garante Maluf. Mas isso não significa o abandono do que ele chama de “jornalismo raiz”, no qual jornalistas mais experientes, mais atualizados, mais bem informados trazem as notícias de maior relevância na política, economia, saúde, tecnologia e assuntos internacionais. Estes estão no produto menos conhecido do grupo, o portal Perfil Brasil, um site bastante descolado do core da casa editora: as revistas. Maluf acredita que o jornalismo tradicional nunca vai morrer, mas o novo jornalismo parte do princípio de que se o profissional não conhecer tecnologia ele será alijado do mercado. “Para os novos jornalistas, que estão saindo da faculdade, não há nenhuma dificuldade de adaptação à linguagem, eles já sabem lidar com isso”. Nesse universo, diz que Caras continua sendo a joia da coroa. O que faz muito sentido se considerarmos, como ele, que a revista “já nasceu no formato instagramável, foi a pioneira do formato, ainda no papel”, diverte-se. Para sustentar esse modelo de negócios, o Grupo Perfil alicerça suas receitas editoriais em um mix bem estruturado: 40% de publicidade programática, 20% de vendas diretas e 40% de eventos. “Sua marca digital vai ter de surfar a onda programática, que é o pior dinheiro que você pode receber, mas eu não conheço marcas que estejam tendo lucro sem essas ramificações”, afirma Maluf. Hoje, as 15 marcas do Grupo Perfil no Brasil atingem 60 milhões de pageviews, audiência que caminha para a estabilização. Desse total, 95% entram pelo celular. O Grupo ainda mantém uma quantidade de revistas impressas, mas é um volume praticamente residual, para um público acima dos 50 anos de idade − embora existam bastante leitores 70+ que dominam perfeitamente o digital. “Eles estão surfando da mesma forma que um jovem, não têm dificuldade”, garante Maluf. Já a avaliação que o executivo faz do público jovem é diferente. “Os jovens estão mais rasos, pelo excesso de informação e pela falta de profundidade em tudo, não é só na leitura. Ninguém mais quer filme longo, ninguém vai ao cinema, ninguém mais fica duas horas na piscina, o mundo mudou”, afirma. Mas no que diz respeito ao jornalismo, Maluf é otimista e acredita que esse momento de produção rasa que vivemos começará a mudar quando o jornalismo tradicional voltar, aos poucos, a fazer parte do dia a dia das redações. Ele defende que “o jornalismo autoral precisa de espaço para ser autoral, precisa de um tempo, precisa ser elaborado. Isso fará com que as notas sejam maiores e as pessoas vão ser levadas a ler mais”. Maluf acredita que o jornalismo de qualidade tem espaço sempre e se a proposta de um portal novo será de fazer algo de qualidade vai ter muito espaço.

Edição 1.411 página 26 Últimas n O BM&C News, novo canal de notícias de TV por assinatura, deve estrear nesta quinta-feira (1º/6). As negociações já estariam fechadas com Claro e Vivo, e há ainda a possibilidade de inclusão na grade de programação da SKY. u Agora com contrato envolvendo grandes operadoras do País, o BM&C News está investindo em sua equipe de jornalistas. O canal anunciou a contratação da âncora Thaís Herédia, ex-CNN Brasil, especializada em temas de economia. Ela deve apresentar um programa focado em economia e política. Também assinou com a emissora a apresentadora Rosana Jatobá, que deve comandar um programa semanal sobre sustentabilidade. u O BM&C News existe desde 2020 no YouTube, com 500 mil inscritos. A chefe do projeto é Paula Moraes, que foi apresentadora, repórter e correspondente da Record nos Estados Unidos. Rodrigo Mariz, executivo que passou por SBT, Band, Globo e Jovem Pan, também é um dos líderes do projeto. n A CNN Brasil estreia no próximo domingo (4/6), às 20h45, o CNN Esportes S/A, projeto esportivo que faz parte do lançamento da marca de Esportes da CNN Brasil. A iniciativa, que abordará os negócios do mundo do futebol, será comandada pelo jornalista e radialista mineiro João Vítor Xavier. u O programa falará sobre temas que movimentam a indústria do futebol, sob o ponto de vista de negócios. A ideia é que as reportagens mostrem o lado business do esporte, como gestão esportiva, cases de sucesso, estratégias de investimentos, marketing de produtos, lucro em janelas de transferências, entre outros. João Xavier entrevistará empresários, lideranças e personalidades do mercado do futebol. A primeira convidada é Leila Pereira, presidente do Palmeiras. n A Justiça de São Paulo condenou em segunda instância o ex-presidente Jair Bolsonaro por dano moral coletivo e ataques à categoria dos jornalistas. Ele deverá pagar uma indenização de R$ 50 mil, quantia que será revertida ao Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos. A 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) manteve decisão da 24ª Vara Cível da Comarca de São Paulo, proferida em junho de 2022, modificando apenas o valor da indenização, que antes era de R$ 100 mil reais. u Em decorrência dos constantes e crescentes ataques e agressões de Bolsonaro contra a imprensa durante seu governo, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) ajuizou em abril de 2021 uma ação civil pública denunciando o ex-presidente por suas atitudes. Segundo a entidade, Bolsonaro praticou “assédio moral sistemático contra toda a categoria profissional, ao afrontar a imagem e a honra dos e das jornalistas de maneira indistinta”. O SJSP usou como base levantamentos da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), que registrou 175 ataques de Bolsonaro à imprensa em 2020, e da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF), que mapeou 103 insultos contra jornalistas no mesmo ano. BM&C News contrata Thaís Herédia e Rosana Jatobá e estreia nesta quinta (1°/6) Thaís Herédia Rosana Jatobá CNN Brasil estreia CNN Esportes S/A no próximo domingo (4/6) João Vitor Xavier Bolsonaro é condenado em segunda instância por dano moral coletivo e ataques a jornalistas n Demitri Túlio, do jornal O Povo (CE), o +Premiado Jornalista da História na região Nordeste, vem sofrendo ataques e ameaças de grupos religiosos após a publicação da crônica Santo Antônio, deixe as árvores de mão!, que questiona a necessidade de derrubar troncos dos jatobás no século XXI. u No texto, Demitri faz uma análise social da situação, destacando a influência da heteronormatividade nessa tradição. Após a publicação da crônica, o jornalista recebeu diversos ataques de grupos religiosos e outros segmentos, que se sentiram ofendidos e alegam que Demitri fez uma “ofensa à fé”. u Em nota conjunta, o Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) prestaram apoio e solidariedade a ele e repudiaram os ataques: “É importante deixar claro que a crônica de Demitri Túlio não é uma ofensa à fé, mas sim uma crítica livre aos usos da fé, uma reflexão sobre tradições e sua relação com a sociedade contemporânea”. Demitri Túlio, de O Povo, sofre ataques de grupos religiosos após publicação de crônica Demitri Túlio

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