Jornalistas&Cia 1430

Edição 1.430 página 14 conitnuação - Últimas e passámos piscas e texto. O que já era uma evolução, porque o texto era feito no momento da ligação, ninguém escrevia antes. Tenho amigas na AE que chegaram a passar piscas e texto do orelhão. Hoje o desafio é a automação de notícias. A grande revolução tecnológica começa a acontecer tanto no auxílio ao trabalho dos jornalistas como deve evoluir para direcionar melhor a entrega do noticiário para os diferentes públicos do Broadcast. Os avanços não foram apenas tecnológicos. O tempo real virou instantâneo e a equipe vem entregando muito mais conteúdo qualificado, com análises, furos e bastidores. Foram criados terminais de política, agronegócio e energia, além do crescimento do terminal financeiro. Na cobertura de mercado financeiro foram introduzidos vários conteúdos novos, que norteiam as decisões dos leitores. J&Cia – Quais coberturas foram marcantes e que você destacaria como das mais importantes sob a sua liderança nesse período? E que diferenciais foram decisivos nelas? Teresa – As coberturas de eleições sempre são um desafio, especialmente nos últimos anos, com o surgimento da polarização e do discurso de ódio. Sempre nos pautamos pelo cuidado na apuração, na checagem dos fatos e pela isenção. J&Cia – Hoje um dos assuntos que avançam no ecossistema do jornalismo é a questão da diversidade e da equidade. Como você analisa esse tema e como hoje ele é trabalhado na Agência? Há planos, metas, nessa direção? Teresa – A redação da AE é pautada pela diversidade. Temos várias mulheres no comando e mesmo com a minha saída ainda teremos três mulheres poderosas: Cristina Canas, editora executiva de São Paulo; Silvia Araújo, editora executiva de Brasília; e Mônica Ciarelli, no comando da sucursal do Rio. Mas ainda há muito por fazer e nesta direção o Curso de Focas (porta de entrada para jovens jornalistas) se pauta pela busca de diversidade de gênero, raça e regionalidade. Recentemente, o Grupo Estado fez uma parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares para criação de um curso de jornalismo voltado para pessoas pretas, pardas e de baixa renda. J&Cia – Qual a sensação nessa sua despedida da Agência e, de certo modo, das redações? Teresa – A sensação é de missão cumprida. Tive muita sorte por ter trabalhado em várias redações com jornalistas muito melhores e mais experientes que eu, com quem pude aprender os princípios éticos do jornalismo. J&Cia – Esposa de jornalista (que aliás conheceu em redação) e mãe de jornalista, não será muito fácil ficar fora do alcance das discussões em torno do jornalismo. Será também uma forma de continuar na atividade, é isso mesmo? Teresa – Você acertou em cheio. Não conseguirei ficar fora das discussões do jornalismo. Na década de 1980, quando decidi ser jornalista, vivíamos o fim de um período muito sombrio na história do Brasil, sob a ditadura militar. Minha escolha da profissão foi pautada por esse cenário, porque eu acreditava que seria uma forma de contribuir com a sociedade por meio da informação correta e crítica. Agora não é diferente: acredito que o jornalismo tem e continuará tendo um papel fundamental no combate às fake news. São os jornalistas, com sua capacidade de apurar a verdade e expor as múltiplas visões, que podem contribuir com o conhecimento diverso e inclusivo. A sociedade precisa de conhecimento de qualidade para que o mundo não corra o risco de retorno das ditaduras. E quero fazer parte deste debate. Tenho certeza que os jornalistas de casa, meu marido Mauro e meu filho Pedro, junto com minha filha economista Marina, vão me ajudar muito nesse novo percurso. Teresa (de roupa escura, ao centro), com a equipe da Agência Estado

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