Jornalistas&Cia 1453

Edição 1.452 página 33 Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 No texto autobiográfico Confissões confessou Agostinho: “Eu me esbanjava e ardia nas minhas fornicações”. Dois anos depois de deixar sua juvenil paixão, Agostinho juntou-se com uma jovem e com ela teve um filho de nome Adeodato. Resumo da ópera: Agostinho separou-se depois de 15 anos de casamento. Com 33 anos de idade, converteu-se pra valer ao cristianismo a pedido da mãe, Mônica. Virou monge em Hipona, África. Morreu e virou santo. A mãe também. O pai, não sei. O erotismo está em todo canto, no corpo e na alma de todos. Desde sempre mil histórias de safadeza são descobertas e contadas pra quem quiser ouvir. O Papa Francisco, escolhido por seus pares cardeais em 2013, assumiu o cargo dizendo a que vinha. E não demorou a abrir a caixinha dita de Pandora, cheia de pecados cabeludos cometidos por padres, freiras e noviços ao longo da história da santa Igreja Católica. Ao denunciar em público o comportamento delituoso de religiosos, Francisco por muitos foi amaldiçoado e por pouco não sucumbiu no fogaréu do Inferno. Disse coisas assim: “Diante dos abusos cometidos por membros da Igreja, não basta pedir perdão” E continuou: “Trabalhamos por muito tempo sobre este assunto. Suspendemos vários clérigos, que foram despedidos por isso”. Falou também de freiras que se comportam diferentemente do que orienta a Igreja: “Não sei se o processo (canônico) terminou, mas também dissolvemos algumas congregações femininas que estiveram muito vinculadas à corrupção”. Vale a pena ler o livro Erotismo, do francês Georges Bataille (18971962). Vale a pena também ler o livro A Religiosa, de Denis Diderot (1713-1784), mesmo autor de Carta sobre os Cegos, para uso daqueles que veem. Diderot estudou em colégios de jesuítas, mas não virou padre. Virou ateu cáustico, crítico da Igreja Católica. Dizia ser menos penoso negar a Deus do que aceitá-lo, por isso foi preso. Vale a pena também ler Decamerão, do escrachado Boccaccio. O livro trata de amor e moralismo. Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora Por Assis Ângelo PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO Licenciosidade na cultura popular (LI) Centenas de embarcações foram afundadas e milhares e milhares de homens pereceram entre ondas e nas bocarras de monstros marítimos. Cena idêntica a essa aqui narrada acha-se no livro Os Lusíadas, de Luís de Camões. É quando Netuno, incentivado por seu parceiro Baco, faz do fundo do mar emergirem monstros que botam, literalmente, pra quebrar embarcações onde se acham marujos desbravadores dos caminhos das Índias. Dito isso, digo também o óbvio: Camões inspirou-se nos escritos de Homero para compor sua fabulosa obra. Ovídio também se inspirou em Homero, que o tinha como mestre. Isso é válido igualmente para Virgílio, que pôs o guerreiro troiano Enéias como herói da epopeia narrada em Eneida. Ovídio, Virgílio, Homero… No clássico A Divina Comédia, de Dante Alighieri, aparecem os poetas ora citados. Aparecem na primeira das três partes do livro: O Inferno. Quando Dante morre está a sua espera, na porta do Inferno, o autor de Eneida, que outro não é senão Virgílio. Virgílio pega Dante pela mão e a ele vai mostrando os labirintos do reino de Lúcifer. O passeio é cansativo e enervante. Depois de conhecer o Inferno, Dante segue com seu guia labirinto adentro. Chega ao Purgatório. Ali pelas proximidades vê o Limbo e almas ora apáticas, ora tensas. Na última parte ou estação do livro, o Paraíso, se acha o grande amor de Dante: Beatriz. E mais não digo. O amor está na vida, nos seres viventes, e nos elementos naturais: Terra, Fogo, Água e Ar. Ah! Odisseia trata do retorno tumultuado de Ulisses aos braços da amada Penélope. O retorno do herói grego durou mais tempo do que a guerra travada em Tróia: quase duas décadas. Ali pelo século 4 da nossa Era, um cidadão chamado Agostinho era doido por um rabo de saia. Tinha uns 15 anos quando se apaixonou por uma garotinha de 12. Queria com ela se juntar, mas as leis da época não permitiam; só depois dos 14. Volúvel, desistiu de casar com a menina. Sem ter muito o que fazer, o varão estudava e aos domingos ia com sua turma à Igreja só pra paquerar. Camões, pelos traços de Fausto Bergocce Inferno, Canto XXXII − gravura de Gustave Doré Santo Agostinho, em pintura de Antonio Rodríguez Papa Francisco Ricardo Stuckert/PR Assis com o livro Confissões, de Santo Agostinho

RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==