Jornalistas&Cia 1382

Edição 1.382 página 11 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. Em comemoração aos 100 anos da primeira transmissão oficial de rádio no Brasil, muitos eventos, seminários e debates trouxeram as várias perspectivas do meio, seu passado, presente e futuro. Entre as obras lançadas temos 100 anos de rádio no Brasil – Na voz dos campeões do microfone, de Heródoto Barbeiro, Nilo Frateschi e Fernando Vítolo, pela editora Lafonte. Aproveitei umevento sobre o tema na Universidade Mackenzie para entrevistá-los. Nilo, commais de 40 anos de rádio, tem uma boa posição sobre a morte ou não do meio rádio: “Essa história do rádio morrer ou não morrer o Heródoto diz, com toda a propriedade, que o rádio só vai morrer no dia em que o ser humano ficar surdo. Então, enquanto tiver audição, o rádio vai continuar vivo. O podcast é um produto do rádio, não é um concorrente dele”. Curioso é que Frateschi começou em comunicação pela propaganda, na agência Thompson, em 1974. Quatro anos mais tarde, foi convidado para trabalhar no Comercial da Rádio América, com um saláriomenor. Mas, por opção e paixão, abraçou a carreira radiofônica e seguiu por praticamente toda a sua vida profissional passando por Sistema Globo, BandNews e outras emissoras do interior do Estado de São Paulo. Fernando Vítulo, embora mais jovem, juntou-se aos parceiros na empreitada do livro trazendo um novo conceito, ao permitir que os leitores ouçam as entrevistas a partir de um QR Code que leva a um site onde estão os áudios. Ele conta que iniciou sua carreira em 1998, fazendo websites e conteúdos corporativos. Entre idas e vindas, pesquisas e testes vocacionais, acabou escolhendo fazer Rádio e TV na faculdade. Lá se apaixonou pelo rádio nas aulas, pois já era músico e somou seus grandes amores. Na época, os estudantes e recém-formados só tinham as emissoras para buscar emprego, diferente da atualidade, em que produtoras, sites, portais e até audioblogs autorais são boas opções para os jovens radialistas. 100 anos de rádio em muitas vozes Depois, Fernando acaboumontando a própria empresa de produção e gestão de conteúdo. Em 2019, ele lançou canal no YouTube e em 2021, um podcast sobre empreendedorismo e comunicação. Foi por meio deles que conheceu Heródoto e depois Nilo, e dessa parceria surgiu a ideia de fazer o livro. O grande diferencial está no fato de eles terem ouvido mais de 170 profissionais, constatando suas vivências no rádio e possibi l itando que os leitores também possam ouvir essas histórias de viva voz pela web. Vale destacar que eles estão pensando já na produção de um segundo livro, ampliado com as participações de profissionais da área técnica, produtores, ouvintes etc. Ao todo, são mais de 14 horas de gravações editadas e disponibilizadas em áudio e vídeo digitais na rede. No site do projeto há uma advertência sobre o material: “Milhares de pessoas contribuíram para o sucesso do rádio no Brasil. E ainda contribuem, com o advento de novas tecnologias como o rádio no Metaverso. Seria impossível juntar todos em uma homenagem aos 100 anos de rádio no Brasil. Dentro das nossas limitações, procuramos e conseguimos contato com muita gente, a quem agradecemos, e recebemos contribuições que estão a sua disposição no livro”. Além dos depoimentos, no site podem ser encontrados uma websérie sobre os 100 anos do rádio, os jogos do Brasil nas Copas de 58, 62, 66, 70. 74, 78 e 82, e a Antologia da Sátira Brasileira, com a narração de Chico Anysio. Você pode ler e ouvir esse e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas podem ser ouvidas em formato de podcast no link. Nilo (esq.), Heródoto e Fernando

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