Jornalistas&Cia 1429

Edição 1.429 página 58 você representa. Nada de beijos na mão, não puxe conversa e não faça perguntas”. Um pedido que não se deve fazer a um cavalheiro, e nem tampouco a um repórter. Um cavalheiro faz uma reverência e beija a mão de uma lady, sempre. E faz um elogio. E que bela ocasião para o repórter arrancar uma declaração exclusiva de Sua Alteza Real acerca dos fuxicos sobre adultérios reais que saiam dia sim, outro também, nas primeiras páginas dos indiscretíssimos tabloides sensacionalistas britânicos, que se dedicam a escarafunchar o que não é da conta deles, os mais invasivos da privacidade alheia em todo o mundo. No meu caso, sabedor de que perguntar não ofende, pensei em indagar, respeitosamente: “Qual é reação de Vossa Alteza aos rumores, segundo os quais, Vossa Alteza e o príncipe Charles teriam adquirido o hábito mundano de ‘pular o muro’?” Ao entrar no salão, a princesa causou exclamações de um deslumbramento geral, quase desrespeitoso. Conforme o protocolo, fui para a fila de cumprimentos. Do meu lado estava um embaixador de um país africano, elegantíssimo em seu traje de gala, uma longa bata multicolorida em fundo verde escuro, com uma magistral touca na cabeça. A princesa se aproximou, ele se curvou respeitosamente e disse: “Mikel Obi, Nigerian Embassy”. Em seguida, ela, uma graça em um vestido cor de rosa, com a gola redonda alta junto do pescoço e brincos reluzentes, se aproximou de mim. Simpatia ou amor? Sabe Deus com que sentimento mirei fundo naqueles cintilantes olhos celestialmente azuis, pisquei o olho direito, e, com uma voz débil pela emoção, depois de um aperto de mãos, que pareciam não querer se separar, disse: “Antonio...” e congelei com um nó na garganta. Tive vontade de recitar Casimiro de Abreu: Simpatia, meu anjinho, É o canto do passarinho, É o doce aroma da flor; São nuvens de um céu de agosto É o que me inspira teu rosto... Simpatia é quase amor! Se tivesse revelado o nome de qualquer um de meus patrões àquela altura – a BBC ou a Folha de S.Paulo −, certamente teria sido ejetado do salão, pois jornalistas são personae non gratae em convescotes da alta roda britânica. E a pergunta?... Não fiz... não tive coragem, até porque um cavalheiro não faz esse tipo de pergunta a uma lady... Agi mais como um lorde do que como um repórter. E se a tivesse feito, qualquer resposta teria ido, certamente, para a primeira página da Folha, mas eu teria corrido o risco de ser preso e deportado do Reino Unido por desacato à Família Real... Às vezes, o silêncio é de ouro até mesmo para repórteres em busca de uma manchete no jornal de domingo. Mas gostaria de ter dito a ela com simpatia e amor: Nobody should stay in a marriage for responsability – just for love (Ninguém deve ficar num casamento por responsabilidade – somente por amor). Lady Di Jornalistas&Cia é um informativo semanal produzido pela Jornalistas Editora Ltda. • Diretor: Eduardo Ribeiro ([email protected]–11-99689-2230)•Editorexecutivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: Fernando Soares ([email protected] – 11-97290-777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Hellen Souza ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-999151295 ([email protected]) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana ([email protected] – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro ([email protected] – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539)

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