Jornalistas&Cia 1429

Edição 1.429 - 27 de setembro a 3 de outubro de 2023 Jornalistas&Cia chega nesta nova primavera aos 28 anos de vida. Uma trajetória iniciada lá atrás, em 1995, com uma página, que era transmitida manualmente por fax para redações, assessorias e agências de comunicação. Nosso primeiro assinante do segmento das agências de comunicação foi a Alcom, de Audálio Dantas, e o primeiro do segmento das empresas, o Bradesco, que nos acompanha desde então, até hoje. Já nosso primeiro patrocinador, com a marca no cabeçalho, foi a Souza Cruz. E a primeira agência a patrocinar uma coluna – a de notícias de assessoria de imprensa – a WN&P, de Walter Nori e Monserrat Padilla. Tivemos também entre os pioneiros o Fastmail, da Rose Campos, em permuta para a distribuição do informativo pelo então moderno sistema de distribuição de faxes da empresa. Nosso mais constante e antigo anunciante é a FSB Comunicação, líder do setor, que nos acompanha com um banner desde a edição 500, ou seja, há 929 edições! Se esse passado nos orgulha é porque nunca descuidamos do presente e do futuro e sempre dedicamos nosso melhor esforço em buscar entender e informar sobre o que se passa no ecossistema do jornalismo e da comunicação corporativa, que, embora com suas especificidades, conflitos e inclinações, são atores essenciais na produção de conteúdos jornalísticos de interesse público. Não por outra razão o tema por nós escolhido para a celebração desses 28 anos foi A influência do jornalismo na comunicação corporativa e (por que não?) da comunicação corporativa no jornalismo, já que o elo comum desses dois universos é o profissional da informação, de conteúdo. Nos anos 1960 era raro encontrar um jornalista trabalhando na comunicação de alguma organização empresarial. Seis décadas depois, nos anos 2020, o raro é encontrar a comunicação corporativa de empresas, instituições e agências sem jornalista. O que mudou desde então e por que os jornalistas transformaram o modo de fazer comunicação corporativa no Brasil, criando – ainda que sem qualquer planejamento ou estratégia – uma escola praticamente única no mundo? Essa foi a pergunta que nos motivou a fazer o especial de Jornalistas&Cia, em seu 28º aniversário, sobre a influência do jornalismo na comunicação corporativa brasileira. Nossa escola é única, diferente, influente, respeitada, próspera, inovadora, criativa e tudo isso é fruto de uma trajetória fortemente impactada pelos jornalistas e, em decorrência, pelo jornalismo. Quantas agências de comunicação do Brasil foram fundadas e são dirigidas por jornalistas? Quantas áreas de comunicação corporativa de empresas e de outras organizações públicas e privadas são ou foram lideradas por jornalistas? Mesmo sem uma pesquisa que mostre isso com precisão, não há dúvida de que a esmagadora maioria tem jornalistas no comando. Esse é um movimento que se iniciou de forma mais acentuada nos anos 1970 e que nunca mais parou, fator que provocou um impacto gigantesco no pensar e no fazer comunicação corporativa no Brasil. Desde então, o jornalismo virou farol e espelho dessa área que se apoiou fortemente em ética, transparência e veracidade, sempre tendo o conteúdo como bem maior de todos os processos de comunicação. As exceções, por claro, só justificam a regra – aliás, regra que não está escrita em nenhuma pedra, mas na história informal de uma atividade que tem crescido de forma substancial e que hoje, no caso das agências, fatura cerca de R$ 5 bilhões e emprega mais de 17 mil pessoas. Esse foi o briefing para a editora contribuinte Maysa Penna, que nele mergulhou e agora nos brinda com um belo relato e evidências de uma tese que merece ser melhor estudada pelas universidades brasileiras. Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli A influência do jornalismo na comunicação corporativa

O mundo era outro naquele já distante 1995, ano em que surgiram tanto a CDI como o Jornalistas&Cia. Se não tínhamos smartphone, redes sociais, e-mail, tínhamos um enorme desejo de promover conexões. As coisas mudaram, e o desejo de comunicar com excelência se manteve. O Jornalistas&Cia. seguiu sendo um parceiro fundamental nessa jornada de compartilhar entre os stakeholders mensagens estratégicas e de impacto. 28 anos na melhor companhia cdicom.com.br Parabéns pelos 28 anos. Que as próximas reinvenções nos mantenham sempre à frente na arte de comunicar – e que preservem a paixão que nos guia desde a fundação.

Edição 1.429 página 3 Não chame uma agência de comunicação corporativa de assessoria de imprensa. Na melhor – e improvável − das hipóteses, você estará demonstrando que é um(a) velhinho(a) que não se atualizou. À exceção, talvez, de uma ou outra agênciabutique, toda conversa a respeito do ofício vai girar sobre multidisciplinaridade, desenvolvimento de competências em tecnologia e maior compreensão das necessidades e possibilidades de interação entre o cliente e os públicos de interesse. Isso para ficarmos apenas nos temas corriqueiros. O fato é que a expressão “assessoria de imprensa” provoca um certo tipo de calafrio em assessores de comunicação. Mas também é fato que, hoje, 70,6% da demanda dos clientes das agências é por relacionamento com a mídia, seguida de gestão de redes sociais (39,4%) e relação com influenciadores (29,4%). Sim, você entendeu certo: matérias na imprensa, respostas a manifestações de leitores e almoços de relacionamento com formadores de opinião (Fonte: Anuário da Comunicação Corporativa 2023). Aliás, segundo a pesquisa do Anuário, a chamada mídia espontânea responde especificamente por 55,4% da demanda dos clientes das agências. Se os números não corroboram o discurso, o que acontece? Bem, trata-se simplesmente de um processo natural de evolução e adaptação às novas realidades provocadas pela transformação digital da sociedade. Porque, na verdade, diferentemente do que aconteceu nos Estados Unidos (berço das relações públicas) e na Inglaterra (referência europeia em RP), onde a comunicação empresarial nasceu do PR, no Brasil, a comunicação corporativa tem suas raízes muito bem fincadas na assessoria de imprensa e, a despeito das O mundo mudou, mas o jornalismo continua ditando as regras inovações, continua, até hoje, sendo significativamente influenciada pelo modus operandi jornalístico. Até pouco tempo atrás, as maiores agências de comunicação traziam bem gravado em suas marcas o DNA do jornalismo: a CDN – The PR Power House, nasceu Companhia de Notícias; a CDI – Conteúdo Digital Influência, era a Casa da Imprensa; a Máquina Cohn & Wolf, já foi a Máquina da Notícia; e a InPress Porter Novelli, bem, é InPress até hoje. “Antigamente, os assessores de imprensa eram vistos pelos jornalistas como aqueles que não conseguiam se firmar na profissão e tomavam um caminho alternativo. Mas a verdade é que o olhar jornalístico deu um peso muito grande à comunicação e a transformou numa área das mais importantes dentro das organizações”, afirma Ciro Dias Reis, fundador e CEO da Imagem Corporativa e ex-presidente da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação). Grande parte do preconceito contra os assessores de imprensa vinha da crença de que eles dificultavam o acesso às fontes, acredita Ciro Dias Reis Por Maysa Penna (*) (*) Maysa S. Penna, jornalista e publicitária, construiu sua carreira no jornalismo econômico e na comunicação corporativa praticamente em partes iguais, além de ter atuado em propaganda como redatora de criação. Integrou o grupo de empresários de comunicação que fundou a Abracom e foi a primeira presidente do Conselho de Ética da entidade. Atualmente dedica-se à produção de conteúdos para plataformas jornalísticas e redes sociais e colabora com este J&Cia.

Edição 1.429 página 4 Alcides Ferreira, managing partner da Fato Relevante e do Grupo Nexcom. “As próprias faculdades de jornalismo incentivavam esse preconceito, mas felizmente essa visão já quase não existe mais”, afirma. Segundo ele, o papel do assessor, seja jornalista, seja RP ou de qualquer outra formação, é o de facilitar o acesso às informações das organizações. “Nesse trabalho, interesse público está acima de tudo e isso é o que aproxima o jornalismo da comunicação corporativa”, diz Alcides. Antonio Salvador Silva, fundador e presidente do Grupo CDI, é bastante objetivo ao apontar a grande contribuição do jornalismo à comunicação empresarial: “Em uma palavra, ética. O trabalho jornalístico sofre uma pressão enorme pela preservação de uma conduta ética acima de qualquer suspeita. E os grandes nomes do jornalismo e a grande quantidade de jornalistas que migraram para a comunicação corporativa trouxeram para a atividade essa marca”. Mas, segundo ele, não é apenas de uma herança passada que essa interseção se alimenta: “Neste momento, em que somos potenciais criadores de conteúdo, a habilidade de Alcides Ferreira Antonio Salvador Silva

Edição 1.429 página 5 contar histórias, intrínseca ao jornalismo, é uma forma muito atual de se conectar com o público, transformar os assuntos em storytelling. O jornalista conta histórias todos os dias”. “Hoje, o jornalista, pra nós é um canal de prestígio, porque ele é quem transmite as nossas mensagens, as mensagens dos nossos clientes”, lembra Salvador. “Com a relevância do jornalismo e dos jornalistas na sociedade encontramos a ressonância positiva de que precisamos. Mesmo em momentos delicados, eles nos ouvem e emprestam seu prestígio à nossa comunicação porque conhecem o trabalho sério que estamos fazendo”. Guilherme Barros, um dos jornalistas mais prestigiados do País antes de abrir a sua GBR Comunicação, destaca que “a comunicação expandiu-se muito e isso obrigou as empresas a ampliarem suas áreas de comunicação, cada vez mais relevantes nos quadros hierárquicos. Não é incomum jornalistas se tornarem CEOs”. Ele acredita que esse processo tende a se ampliar, uma vez que as empresas precisam cada vez mais de especialistas para essas áreas. “Por isso, vão buscar jornalistas para desempenhar essas funções. Porque uma agência tem um modelo de atuação muito semelhante ao de uma redação. O objeto principal de uma e de outra é a informação – esse é o foco do trabalho. A forma e os processos podem até ter diferenças, mas a essência do trabalho é a mesma”. Guilherme Barros Criamos IDEIAS CORAJOSAS que geram IMPACTO REAL para comunidades e organizações. (11) 98415-0351 [email protected] VAMOS TOMAR UM CAFÉ? Juntos, somos o mais completo ecossistema de comunicação no Brasil e no mundo. Por meio de 5 frentes de atuação: ESTRATÉGIA & ANALYTICS CRIATIVIDADE, DESIGN & CONTEÚDO DIGITAL RELAÇÕES PÚBLICAS & MARKETING DE INFLUÊNCIA TRANSFORMAÇÃO ORGANIZACIONAL REPUTAÇÃO & LIDERANÇA COMO FAZEMOS ISSO?

Edição 1.429 página 7 Claudia Vassallo, outro nome de peso no jornalismo, CEO da Nova PR e ex-diretora de Redação de Exame, diz acreditar que a comunicação corporativa e o jornalismo são atividades diferentes, mas que existe uma interseção muito grande entre elas: “O fato de eu ter trabalhado numa redação onde a excelência era tudo, o rigor na apuração, a checagem, a correção, tudo isso me municiou a estar agora na comunicação empresarial. Eu sei o que é notícia e o que não é notícia, eu sei o que é de interesse público e o que não é de interesse público, eu consigo farejar notícia dentro do cliente, não é todo mundo que foi treinado para isso”. Ciro concorda que as técnicas jornalísticas de trabalho fortalecem e dão relevância à comunicação corporativa. “O olhar crítico que os jornalistas são treinados a desenvolver, por exemplo, conversa muito bem com a governança e o compliance das organizações”, avalia. “A influência do jornalismo na comunicação corporativa transborda, por exemplo, no nosso jeito de lidar com pautas na comunicação interna, com funcionários do Banco, no nosso planejamento de ações integradas de Olhar crítico faz a diferença Claudia Vassallo Parabéns, Eduardo Ribeiro e companhia! NESTE ANO, A GBR PINTA OS E O J&CIA, 7 28

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Edição 1.429 página 9 José Luiz Schiavoni Giovanni Nobile comunicação, na nossa forma de lidar com ações de relações públicas em geral”, diz Giovanni Nobile, gerente de Comunicação do Banco do Brasil. O BB tem, dentro de sua Gerência de Comunicação, uma área específica de assessoria de imprensa, entre outras atividades de RP, na qual mantém jornalistas profissionais que já atuaram em jornais, sites, revistas e TVs. “Acreditamos que essa experiência é importante e olhamos com atenção para isso em nossas seleções internas para a área de atendimento à imprensa”. Claudia Vassallo explica um pouco mais a importância de ter jornalistas nas duas pontas da linha: “O jornalismo tem uma linguagem especifica, própria, e isso pode parecer banal mas não é. Você tem de conhecer essa linguagem própria para poder passar a sua mensagem da melhor forma possível, senão fica parecendo uma conversa de maluco”. José Luiz Schiavoni, jornalista que abriu a sua S2 nos anos 1980 e hoje é CEO da Weber Shandwick Brasil, além de vice-presidente da Abracom (entidade que já presidiu), dá um exemplo típico da diferença de tratamento que a informação recebe quando não é trabalhada por um jornalista: “Os releases americanos começam com ‘A empresa x, líder mundial de xxx, com presença em xx países e faturamento de x’ e só então vem o assunto principal. Eu repito o tempo todo para a equipe: o lide está no pé. Já no Brasil, conseguimos construir uma dinâmica de comunicação muito baseada na dinâmica dos veículos”. O que é ser uma agência de sucesso? Atingir metas definidas com o cliente (porque consegue mensurar todas as ações de comunicação). Conquistar clientes que foram indicados por outros clientes. Saber usar tecnologias sem que elas substituam a inteligência humana. Conquistar espaços na alta direção dos clientes que nunca outra agência tinha conquistado. www.lvba.com.br Simplesmente, uma agência de sucesso. Sem modismos, simplesmente, uma agência que entrega.

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Edição 1.429 página 11 Manuel Carlos Chaparro, um dos grandes pensadores da comunicação, hoje afastado por problemas de saúde, dizia acreditar que o jornalista é um socializador de conteúdo. Em entrevista à Agência Sergipe de Notícias, em 2007, ele afirmou que, “como assessor de comunicação, o jornalista trabalha na ponta do processo de socialização, no local onde os conteúdos são gerados. O trabalho jornalístico é o mesmo, só que em vez de você publicar a sua matéria no jornal irá arrumar mecanismos para levar o seu conteúdo aos jornalistas ou publicar na internet”. E, para além da competência técnica a fim de obter os resultados desejados, ele alertava que “deve haver também um compromisso ético. Um compromisso com as razões da sociedade”. A fragmentação da mídia nas diversas plataformas, a transformação digital e os novos comportamentos sociais não eliminam essas características, acredita o jornalista e professor Wilson da Costa Bueno. “Hoje, gestão de conteúdo, produção de conteúdo, gestão de relacionamento, todas essas atividades incluem os jornalistas. Você tem site, blog, redes sociais, relatórios de sustentabilidade, de compliance, então há a necessidade de uma competência jornalística para produzir esses materiais”, afirma. “Além disso, os jornalistas são procurados para essas funções porque escrevem bem e escrevem rápido”, complementa. Mas há, ainda, uma herança mais rica legada à comunicação corporativa pelo jornalismo, na opinião do professor: “A grande presença de jornalistas na atividade de comunicação organizacional preserva a ideia de que o tom propagandístico da comunicação tem de ser atenuado”. Ele lembra ainda que o protagonismo da governança e do compliance aumentou bastante a preocupação com a checagem e a precisão das informações. Há duas décadas no setor automotivo, tido como pioneiro da atividade de assessoria de imprensa no Brasil, Nelson Silveira comandou a comunicação da GM aqui e na Europa e conhece bem as sutilezas de cada mercado. Mas o que há em comum em todos, segundo ele, é que “a ética jornalística influencia o trabalho de comunicação empresarial, porque o sucesso da comunicação corporativa está baseado em dois pilares: um da ética e Sobre os pilares da ética e da transparência Manuel Carlos Chaparro Compromisso com você e com o planeta Accor Anuncio ESG_SAIDA_freese.pdf 2 01/09/2023 12:12:48 Wilson da Costa Bueno

Edição 1.429 página 13 outro da transparência”. A ética deve existir em qualquer atividade, mas a transparência é uma característica marcante do jornalismo. “E é com a transparência que você conquista a credibilidade”, pontua Silveira. Neste ponto é que a comunicação se encontra com o negócio das organizações de forma indissociável: ela constrói, cuida e protege a reputação. O relatório The State of Corporate Reputation in 2020: Everything Matters Now, de Weber Shandwick e KRC Research, mostra que os executivos de empresas globais atribuem um peso de 63% à reputação na formação do valor de mercado de suas empresas. Na verdade, um estudo da consultoria financeira AMO Strategic Advisors, com empresas listadas nos 15 maiores mercados financeiros do mundo, entre eles o Brasil, mostrou que 35,3% do valor de mercado das empresas é atribuído à reputação das mesmas − no caso das empresas analisadas, em 2019 a reputação somava um valor de US$ 16,7 trilhões. Nelson Silveira Retomada da importância dos jornalistas O mundo está mais complicado, as relações sociais estão se transformando muito e a conquista de credibilidade exige cada vez mais multidisciplinaridade para utilizar com sucesso o leque amplo de ferramentas de comunicação à disposição. “Atualmente, o nosso setor emprega mais de 17 mil profissionais que contam com formações diversas”, informa Daniel Bruin, atual presidente da Abracom. “As nossas equipes têm um grande número de jornalistas, mas elas são majoritariamente multidisciplinares e contam também com profissionais de relações públicas, comunicação organizacional, marketing digital, análise de dados, designers, especialistas em audiovisual, sociólogos, comunicólogos, economistas, pesquisadores e especialistas em conteúdo setorial. como meio ambiente, financeiro, agronegócio, saúde, entre outros”. Ainda assim, 51,8% dos profissionais das agências de comunicação corporativa são jornalistas (Fonte: Anuário da Comunicação Corporativa 2023), 12% relações públicas Daniel Bruin

Edição 1.429 página 15 e 7,6% publicitários. E mesmo em plataformas diferentes e fragmentadas, a imprensa ainda é a fonte de informação segura para grande parte da sociedade – vale dizer, dos stakeholders. De acordo com o Relatório sobre Notícias Digitais de 2022 do Reuters Institute, 48% dos brasileiros confiam na imprensa, enquanto, na média global, a confiança é de 42%. No entanto, essa confiança vem caindo nos últimos anos. Em 2003, a OAB divulgava um estudo realizado pelo escritório Toledo & Associados segundo o qual as instituições brasileiras mais confiáveis eram a Igreja (74%) e a Imprensa (60%). Hoje, de acordo com pesquisa do instituto Ipec, os meios de comunicação têm um índice de confiabilidade de 56 pontos, enquanto o índice das empresas é de 62 pontos. Isso não significa que a mídia jornalística esteja perdendo importância. Nem que o modo de fazer jornalismo deixou de influenciar a comunicação corporativa. “Hoje temos uma volta das relações com a mídia”, garante Ricardo Cesar, CEO Global da Ideal. “Hoje, falar com jornalismo, no PR internacional, é mais relevante do que era há oito ou dez anos. É um movimento pendular e dentro de um ambiente fragmentado de muitos mais veículos”. Segundo ele, até pouco tempo havia muito descrédito no poder do jornalismo de formar opinião pública, mas devido ao grande número de novos veículos de nicho, pequenos e formadores de opinião geridos e fundados por jornalistas, as relações com a mídia estão sendo retomadas como estratégia importante na comunicação corporativa. “Também se começou a ver que a imprensa pauta o debate social”, continua Cesar. “No Brasil, nunca chegamos a um ponto de descrédito tão grande. Eu vi, lá fora, grandes agências de comunicação que não tinham mais jornalistas e isso dificultava o trabalho. Hoje os jornalistas estão de volta às agências, fazendo essa interlocução. Fico feliz de ver isso, porque quando o jornalismo está enfraquecido isso é um grande problema para a sociedade”. O executivo destaca ainda que o relacionamento das empresas com a imprensa, mais do que uma opção estratégica de comunicação, é uma forma de demonstrar respeito pela sociedade: “Essa interlocução com o jornalismo sério, de boa qualidade, é também uma prestação de contas, mesmo que seja por parte de uma companhia privada de capital fechado”, completa Cesar. Ricardo Cesar

Edição 1.429 página 17 Convencionou-se determinar que o começo de tudo foi em 1906, nos Estados Unidos, quando o jornalista Ivy Lee foi chamado a reverter uma crise de imagem que se abatia sobre o milionário John Rockfeller e seus empreendimentos. Inaugurava-se a atividade de Relações Públicas, ou PR. Já em terras brasileiras, em 1909 o presidente Nilo Peçanha criou a Seção de Publicações e Biblioteca para integrar serviços de Atendimento, Publicações, Informação e Propaganda. A finalidade dessa seção era distribuir à imprensa notas e informações sobre o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. E como a dita seção também tinha o dever de editar o Boletim do Ministério, criava-se o house organ. Em 1914, a empresa canadense The Light and PowerCo. Ltda. assumiu a concessão do serviço de iluminação e transporte coletivo na cidade de São Paulo e implantou o primeiro departamento interno com o nome de Relações Públicas, cuja função era manter o relacionamento da empresa com a imprensa e o governo. Os sucessivos governos, por sua vez, aprimoravam o trabalho de municiar a imprensa com as notícias de seu interesse. Foi assim que em agosto de 1941, com a benção do presidente Getulio Vargas e sob orientação do Departamento de Imprensa e Propaganda do governo (DIP), entrava no ar, pela primeira vez, a ação de comunicação empresarial de maior repercussão na história no Brasil: o Repórter Esso. Inicialmente no rádio, e a partir de 1952 na televisão, o programa foi extinto somente em 1970, durante a ditadura militar. Mas na década de 1950 a campanha de propaganda do governo Vargas O petróleo é nosso, que marcou a descoberta de petróleo na Bahia, tornou-se um grande incômodo para a Esso. Veio, então, outra ação revolucionária: o Prêmio Esso de Reportagem, mais tarde rebatizado de Prêmio Esso de Jornalismo, a mais importante premiação do jornalismo brasileiro de todas as épocas – há quem o equipare ao prestigiado Pulitzer norte-americano. Concedido anualmente a jornalistas e veículos de imprensa que se destacassem ao longo do ano pelo trabalho jornalístico, o prêmio deixou de existir em 2015 e até hoje não encontrou substituto. O setor de pesquisa da Jornalistas Editora, que publica este J&Cia, audita 183 premiações diferentes para o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira e, segundo Fernando Soares, coordenador da pesquisa, cerca de 75% estão ligados a De onde viemos, para onde vamos Fernando Soares Feliz aniversário, Jornalistas&Cia! Sabe o que a B3 e o Jornalistas&CIA têm em comum? Os dois se comprometem com a informação de qualidade. Acesse o 83 Bora Investir e fique por dentro das notícias sobre o mercado financeiro, além de conteúdos isentos sobre como começar a investir. BORAI NVESTIR.83.COM.BR fEuoo$.2•:i-o -00111(·0:l-l'I.) Ov01.••• [er

@hydronobrasil Norsk Hydro @hydronobrasil hydro.com/brasil hydronobrasil A comunicação é um importante meio de transformação para uma sociedade cada vez mais viável. Por isso, a Hydro apoia o trabalho dos profissionais de imprensa, que acreditam que transparência e compromisso são deveres fundamentais do nosso dia a dia. É assim que, juntos, continuamos fazendo a diferença onde atuamos! Transparência e compromisso

Edição 1.429 página 19 alguma empresa ou entidade com fins lucrativos. Talvez seja a estratégia de RP mais copiada – e nunca igualada – do mercado de comunicação brasileiro. No final dos anos 1960 e durante a década de 1970, no auge da ditadura militar, a pauta política era praticamente inexistente na imprensa. E mesmo as demais editorias trabalhavam sob o controle rígido da censura. Muitas empresas de grande porte passaram a publicar seus próprios veículos noticiosos, em geral revistas, para levantar temas de seu interesse, com destaque para o setor automotivo. Nosso editor, Eduardo Ribeiro, que também é diretor da Mega Brasil, da Jornalistas Editora e do Grupo Empresarial de Comunicação (Gecom), lembra que a atividade cresceu tanto que, em 1969, o jornalista Carlos Chaparro fundou com Gaudêncio Torquato a Proal, primeira empresa no Brasil especializada na produção de publicações empresariais. A Proal chegou a editar mais de 50 publicações empresariais Idealizadas e produzidas por jornalistas, e todas tinham o objetivo de fazer, nas empresas, “o mesmo bom jornalismo que era praticado nas redações”, nas palavras do próprio Chaparro. É da mesma época a Unipress, dirigida por Alaor Barbosa e Reginaldo Finotti, também muito focada nas publicações empresariais. A atividade já denotava tanta importância que em outubro de 1967, antes mesmo de surgirem as agências especializadas, foi criada a Associação Brasileira de Editores de Revistas e Jornais de Empresa (Aberje), hoje Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. “Temos uma escola de comunicação corporativa, estendendo esse conceito também às relações públicas, fortemente apoiada em conteúdo, mas um conteúdo substantivo, quase jornalístico”, diz Ribeiro. Segundo ele, o predomínio dos jornalistas na atividade fez com que se tornasse comum a aplicação de conceitos e técnicas do jornalismo no planejamento e ações das organizações. O que ficou − e é, ainda hoje – muito claro no segmento de publicações empresariais. Eduardo Ribeiro Informação segura também salva vidas Pfizer: há 70 anos trabalhando por grandes avanços que mudam as vidas dos brasileiros. PP-UNP-BRA-3264 Na Pfizer, estamos comprometidos com a transformação do mundo. Com ciência de ponta, inovamos para melhorar a saúde das pessoas. Mas o nosso compromisso vai além dos avanços na medicina. Acreditamos que a disseminação de informações seguras e confiáveis também salva vidas. Por isso, queremos reconhecer o trabalho de todos os comunicadores que se dedicam a essa missão, seja nas redações ou dentro das corporações. Parabéns, Jornalistas &Cia, por fortalecer a voz dos comunicadores de todo o País. Com transparência, profissionalismo, protagonismo. É uma honra fazer parte desses 28 anos de história! Para saber mais sobre as nossas iniciativas institucionais, acesse o QR Code ao lado. Gaudêncio Torquato

Edição 1.429 página 20 Ainda segundo Ribeiro, foi a partir da década de 1980 que as empresas passaram a sentir forte necessidade de se relacionar com a sociedade, preocupando-se com a opinião pública – antes o relacionamento que mais importava era institucional, com o governo e, por óbvio, dispensava a intermediação da imprensa. Sentiam-se ali os primeiros ares de redemocratização do País e para acompanhar os novos tempos as empresas buscaram jornalistas experientes para fazerem a interlocução com a imprensa. Sem relação de causa e efeito, mas certamente com influência conjuntural no processo, a migração de jornalistas das redações para as áreas de assessoria também refletiu o enxugamento das redações iniciado a partir da frustrada greve dos jornalistas em 1979 em São Paulo – é corrente que foi ali que os donos das organizações jornalísticas descobriram que era possível fazer jornal sem jornalistas, o que, feliz e obviamente, não é verdade. Centenas de profissionais foram demitidos por causa da greve e encontraram um mercado florescente nas assessorias de imprensa, tanto dentro das empresas quanto nas agências que começavam a nascer. “Naquela época as empresas estavam terceirizando as atividades meio, o que incluiu as assessorias de imprensa. Os profissionais que trabalhavam dentro das empresas foram incentivados a abrir suas próprias agências e passar a prestar o serviço para clientes”, conta Edu Ribeiro. Em 1984, durante o II Encontro Paulista de Jornalistas em Assessoria de Imprensa e Publicações Empresariais, surgiu a ideia da elaboração de um Manual de Assessoria de Imprensa. A iniciativa foi encampada pela Federação Nacional de Jornalistas, que editou o manual em 1985 e o lançou e 1986, em Brasília (ver outros detalhes mais à frente). A quarta e última edição do manual, revista e ampliada, foi publicada em 2007. Nos anos 1990, o mercado de assessorias de imprensa fervilhava, rivalizando com as agências de RP, num movimento que nunca mais parou. No ano 2000, surgiu a Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom), consolidando um mercado cada vez mais importante “mas, até certo ponto, ainda informal”, afirma Edu Ribeiro, um dos principais articuladores do grupo de 56 empresários que fundou a entidade. Esse mercado, composto atualmente por mais de 900 agências − no censo oficial realizado em 2021 por Abracom, Mega Brasil e este J&Cia, e que está sendo refeito este ano, agora também com a adesão do Grupo Empresarial de Comunicação (Gecom) −, faturou em 2022, segundo o Anuário da Comunicação Corporativa, quase R$ 5 bilhões e emprega, segundo levantamento da Universidade Federal de Santa Catarina, cerca de metade dos jornalistas formados no País. A título de exemplo, dos 39 palestrantes do 26º Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas, em agosto de 2023, 17 eram jornalistas Depois da ditadura

Edição 1.429 página 22 e apenas cinco eram RPs. Da mesma forma, dos 12 profissionais contemplados com o Prêmio Aberje 2022, seis eram jornalistas. Um mercado em constante mudança, cujo grande avanço hoje é representado pelas mídias proprietárias. “As marcas são porta-vozes, mídias e produtoras de conteúdo, tudo ao mesmo tempo, e isso não muda mais”, acredita Edu Ribeiro. “Porque já não é tão necessário investir em anúncios se você pode chegar diretamente nos seus públicos com conteúdos de utilidade que favorecem as marcas. Já houve ações como essas no passado e hoje isso se tornou uma praxe. Está no planejamento das marcas”, diz nosso editor. Se a procura por profissionais multidisciplinares e multimídia dá a impressão de que o jornalismo está perdendo espaço e influência na comunicação corporativa, a verdade pode ser justamente o contrário. E os jornalistas estarão conquistando cada vez mais importância com o avanço das mídias proprietárias, do marketing de conteúdo e de outras ferramentas que ainda vão surgir. Mas esta já é uma outra história, que fica para uma próxima vez. Nem tudo foram flores nessa trajetória Da equipe de J&Cia Os profissionais mais antigos, que conhecem um pouco melhor a história da comunicação corporativa no Brasil, costumam dizer que a mãe das agências de comunicação, aquela que deu efetivamente origem a esse mercado, que hoje fatura cerca de R$ 5 bilhões por ano, como mostrou o Anuário da Comunicação Corporativa deste ano, editado pela Mega Brasil, foi uma empresa criada nos anos 1960, mais exatamente em 1963, por dois outsiders, que decidiram abrir no Brasil uma agência nos moldes das agências americanas, então já muito bem sucedidas na América do Norte. Essa agência chamava-se AAB – Assessoria Administrativa do Brasil (o nome em nada lembrava uma empresa de RP, mas com o tempo virou apenas AAB) e os empreendedores, José Carlos Fonseca Ferreira e José Rolim Valença, ambos já falecidos. Ali trabalharam e aprenderam a atividade nomes como Carlos Eduardo Mestieri, Vera Giangrande, Valentim Lorenzetti, Antonio De Salvo, Lalá Aranha, para citar apenas alguns, todos eles profissionais que viriam a se destacar num mercado em que, até então, o jornalismo e os jornalistas eram praticamente públicos de interesse e não protagonistas da atividade. Deles, apenas Mestieri ainda está vivo, sendo que a sua Mestieri PR (ex-Inform) é hoje dirigida pela filha Roberta. Quando o jogo começou a mudar, com a chegada dos jornalistas para fazer assessoria de imprensa e publicações empresariais, o mercado acabou passando por uma espécie de racha, fruto do inconformismo dos RPs com a “invasão jornalística à atividade”. Racha que chegou a ter um enfrentamento institucional. De um lado estavam as agências puro-sangue de RP, lideradas pelos pioneiros e outros que vieram na esteira deles; de outro, as assessorias de imprensa e agências produtoras de publicações, lideradas por jornalistas que decidiram empreender. E foi tão marcante essa migração de jornalistas para a atividade de comunicação, seja diretamente nas áreas de comunicação corporativa das empresas, seja criando suas próprias agências ou mesmo como empregados dos próprios colegas jornalistas, que ao final dos anos 1970 e início dos anos 1980 o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo decidiu criar uma Comissão de Assessoria de

Edição 1.429 página 23 Imprensa, para dar guarida e cuidar dos interesses dessa massa de profissionais que tinha debandado das redações em direção a um novo mundo profissional. O movimento, também presente em outras regiões do País, culminou com a realização de inúmeros encontros regionais de assessores e do 1º Encontro Nacional dos Jornalistas de Assessoria de Imprensa – Enjai, em 1984, em Brasília. Ou seja, os jornalistas entraram para valer nesse mercado, arregaçaram as mangas, empunharam suas armas e foram à luta defender seu quinhão nesse universo, sob visíveis protestos das lideranças mais ativas dos colegas da área de relações públicas. O estranhamento foi tamanho que ante a criação, pelos RPs, da Associação Brasileira das Empresas de Relações Públicas (Aberp), os jornalistas, sem deixar por menos, criaram a Associação Nacional das Empresas de Comunicação Empresarial – Anece, com o seguinte detalhe: não aceitavam em seus quadros empresas dirigidas por relações públicas. O início do entendimento deu-se por volta de 1986, no lançamento do Manual de Assessoria de Imprensa da Fenaj, no Congresso Nacional, em Brasília, em que dividiram o palco, fumando uma espécie de cachimbo da paz, os então presidentes da própria Fenaj, Audálio Dantas, e do Conferp, Vera Giangrande. Vera endossou, com sua presença no evento e mesmo formalmente, o documento produzido pelos jornalistas, sinalizando claramente – com a sabedoria que lhe era peculiar – que o mercado era grande o suficiente para absorver todos os profissionais. E que o ideal era que atuassem de forma integrada e em cooperação e não de modo beligerante. Passados quase 40 anos daquela data histórica, hoje o segmento das agências e mesmo as áreas internas de comunicação já não se importam com a formação específica dos profissionais, buscando muito mais a pluralidade, a diversidade e o talento do que diplomas específicos. Resulta daí que hoje há profissionais de inúmeras especialidades fazendo comunicação corporativa, sob a forte influência dessa escola jornalística que se apossou da atividade, legando um saber e um fazer praticamente únicos no mundo. Oficialmente, vale dizer, o mercado de relações públicas é de acesso exclusivo aos profissionais formados na área e uma das principais funções do Sistema Conferp/Conrerp é exatamente a de fazer cumprir a lei, inclusive mediante multas para os que a desrespeitem. Mas as organizações nunca aceitaram essa espécie de reserva de mercado, optando, no caso de serem acionadas e multadas, por alterar o perfil de atuação da área e a denominação dos cargos, para se verem livres de tal imposição. O assunto é polêmico e mesmo entre os RPs há divisão entre os que defendem o estrito cumprimento da lei e os que defendem uma flexibilização da atividade, para permitir que profissionais de outras origens possam exercer atividades dentro do espectro de RP, ainda que com exigência de algum curso complementar para habilitar os interessados. A pauta, algo bem jornalístico, continua atual. Acreditamos que a comunicação é uma poderosa ferramenta para difundir nossos valores e engajar pessoas em torno de um mesmo propósito: a criação de um futuro melhor para as próximas gerações. br.dow.com Informação transforma pessoas e pessoas podem transformar o mundo

Edição 1.429 página 24 Últimas n A votação no segundo turno do Prêmio +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira, iniciada em 21/9 e que se estenderá até 5/10, já superou todas as já realizadas por este J&Cia ao longo dos últimos dez anos, sendo a maior da história. A premiação, que já contava com patrocínio da Unilever e apoio institucional de ABI, Conajira/Fenaj, Redemar e Unibes Cultural, recebeu esta semana confirmação do patrocínio da Bayer e do apoio da Embaixada e Consulado dos Estados Unidos. u Estão na disputa do segundo turno 132 profissionais e 41 veículos, dos quais sairão os vencedores entre os profissionais de redação (TOP 50), de imagem – foto e vídeo (TOP 5), e os veículos gerais e veículos dirigidos por jornalistas negros(as) (TOP 5). u Durante a cerimônia de premiação, marcada para 13 de novembro, uma semana antes do Dia da Consciência Negra, na Unibes Cultural, em São Paulo, a partir das 18h, além dos reconhecimentos aos TOP 50 Jornalistas, aos campeões das cinco regiões do País e aos veículos campeões − nas categorias Veículo Geral e Veículos Liderados por Jornalistas Negros(as) −, haverá três homenagens especiais: Decano do Jornalismo – Troféu Luiz Gama, Revelação do Ano – Troféu Tim Lopes e Personalidade do Ano – Troféu Glória Maria. u O prêmio, vale ressaltar, é uma iniciativa de Jornalistas&Cia, Neo Mondo, 1 Papo Reto e Rede JP de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação. u Outras informações com Eduardo Ribeiro (11-996892230), Marcelle Chagas (2197976-6321), Oscar Lopes Luiz (11-98234-4344), Rosenildo Ferreira (11-98124-8348) e Vinícius Ribeiro (11-99244-6655). n Depois do voto da relatora e presidente do STF, ministra Rosa Weber, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 7055), ajuizada pela Abraji, teve seu julgamento no plenário virtual interrompido pelo pedido de vista do processo feito pelo ministro Luís Roberto Barroso. O julgamento virtual que trata da ADI 7055 e da ADI 6792, proposta pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa), teve início em 22 de setembro. u As entidades pedem que o Supremo dê interpretação conforme à Constituição Federal a dispositivos do Código Civil, do Código de Processo Civil e da Lei dos Juizados Especiais, de modo a diminuir os danos causados pelo assédio judicial contra a imprensa. A Abraji destaca o uso dos Juizados Especiais Cíveis (JECs) para processar um jornalista ou veículo de comunicação a partir de diversas localidades, mantendo o profissional “preso” em uma teia de audiências. u A Abraji e outras organizações de defesa do jornalismo manifestaram a importância de o STF sinalizar, através dessa decisão, o jornalismo como instrumento para a manutenção das instituições democráticas. Em nota, ressaltaram que a Corte deve cumprir seu papel de combater o assédio judicial e o uso abusivo do direito de acesso à Justiça, que têm sido usados para o silenciamento e a censura a jornalistas no país. (Saiba+) +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira Votação no segundo turno já é a maior da história da série +Admirados da Imprensa Premiação recebe o apoio da Bayer e da Embaixada e Consulado dos Estados Unidos STF adia julgamento de ação para barrar o assédio judicial a jornalistas n A CNN Brasil anunciou uma parceria editorial multiplataforma com o NeoFeed, plataforma que é referência na cobertura de negócios, finanças, economia e inovação. Por meio da parceria, o NeoFeed terá pílulas de vídeo na grade da CNN e o jornalista Carlos Sambrana, cofundador da plataforma, um programa de entrevistas com os grandes nomes do mundo empresarial. u Com a parceria, o NeoFeed vai destacar em sua home page as principais notícias da CNN, e o site do canal vai gerar uma área destacando o conteúdo do NeoFeed. Também haverá uma sinergia entre os dois veículos no canal do NeoFeed no YouTube, que foi reformulado e contará com uma grade de programas mais extensa. CNN Brasil fecha parceria editorial com o NeoFeed Carlos Sambrana São 75 anos em constante movimento etransformação. Fazendo do pioneirismo e da inovação diretrizes de negócio. Conhecendo o(a) cliente e fidelizando para uma experiência de compra diferenciada. Consolidando marcas como referências em seus segmentos. Aprimorando, todos os dias, a operação em todos os seus pontos de contato. Colocando cada um dos(as) clientes como centro das decisões. Gerando valor para a sociedade e fazendo a diferença no varejo brasileiro.

Edição 1.429 página 25 conitnuação - Últimas n A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) lançou o relatório Amazônia: Jornalismo em Chamas, que aborda os desafios e obstáculos do jornalismo e da liberdade de imprensa na região da Amazônia. A ONG detectou 66 casos de ataques à imprensa nos nove estados da Amazônia Legal, entre 30 de junho de 2022 e 30 de junho de 2023. u O relatório destaca que os jornalistas e os meios de comunicação enfrentam desafios estruturais específicos na Amazônia, como a complexidade logística dos deslocamentos, desigualdades tecnológicas, dificuldades de financiamento (especialmente o jornalismo local e independente), e interferência de poderes políticos e econômicos no conteúdo editorial. u Entre os 66 casos de violações da liberdade de imprensa registrados, 16 estavam ligados a reportagens sobre agronegócio, mineração, povos indígenas e violações de direitos humanos. O relatório explica que a região da Amazônia é um ambiente hostil para jornalistas, com diversos ataques e ameaças de indivíduos que querem evitar que determinadas informações sejam divulgadas. Isso gera uma espécie de “autocensura” entre os jornalistas na região, com o objetivo de evitar ataques de representantes dos poderes político e econômico, “em um contexto marcado pela ausência de uma política de prevenção, proteção e valorização do jornalismo”, destaca a RSF. u A ONG também destacou como anunciantes acabam interferindo editorialmente no jornalismo praticado, e listou recomendações para a criação de um ambiente mais favorável para o jornalismo na Amazônia. Leia o relatório na íntegra. Repórteres Sem Fronteiras lança relatório sobre desafios do jornalismo na Amazônia n O Project Oasis Global, estudo liderado pela SembraMedia sobre sustentabilidade e inovação de organizações de jornalismo nativas digitais, anunciou uma nova fase que pretende incluir novas regiões e veículos. Com o apoio da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), o projeto vai incluir pela primeira vez informações sobre veículos brasileiros em seu diretório. u A ideia é fortalecer os diretórios de veículos de América do Norte, Europa e América Latina, com o mapeamento e análise de mais de 2,5 mil organizações de notícias, de 68 países. A SembraMedia atuará com o auxílio de entidades parceiras,que incluem, além da própria Ajor, a LION Publishers (América do Norte) e European Journalism Centre, Media and Journalism Research Center, Global Forum for Media Development e International Media Support (Europa). O projeto pretende também ampliar o diretório formado por redações de Ásia, África e Oriente Médio. u No Brasil, a pesquisa será coordenada pelo professor e consultor Marcelo Fontoura, um dos pesquisadores responsáveis pelo Atlas da Notícia, que inclusive será usado como base de dados para mapear os veículos brasileiros. Fontoura terá o apoio de pesquisadores regionais. As entrevistas serão aplicadas a partir de 9 de outubro, e o primeiro relatório global e a base de dados completa serão publicados em 2024. u Para participar do projeto, é necessário que o veículo seja nativo digital, publique conteúdo original e de interesse público, tenha independência editorial e seja transparente em relação aos seus fundadores, funcionários e políticas de financiamento. Saiba mais sobre o Project Oasis Global aqui e mande dúvidas ou pedidos de inclusão de veículos no programa para o e-mail [email protected]. Project Oasis Global vai mapear mídia nativa digital no Brasil

Edição 1.429 página 26 conitnuação - Últimas n A plataforma Money Report, especializada na cobertura de temas relacionados a economia, política e o mundo de negócios, fará sua estreia na televisão em 5 de outubro, em parceria com o BM&C News, canal independente com foco no mercado financeiro. Fundado em 2017 por Aluizio Falcão Filho e Cristina Falcão, o Money Report passará a compor a grade do BM&C com um programa semanal de entrevistas conduzidas por Falcão, sempre com três convidados especiais, que também vão interagir entre si. O programa irá ao ar às quintas-feiras, a partir das 21 horas. u Criado pelos jornalistas Paula Moraes e Luiz Messici, o BM&C News está há pouco mais de dois anos no ar. Voltado para o público investidor, o canal traz notícias em tempo real, opinião de especialistas e programação 24 horas, acumulando mais de 12 milhões de usuários únicos em suas páginas na internet. O BM&C está presente nas TVs a cabo Vivo e Claro. Money Report estreia na TV em outubro, no BM&C News n A Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) realizou em 18 e 19 de setembro o 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação. Com o tema central Que sociedade queremos? O jornalismo de educação no debate nacional, o evento aconteceu na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo. u Este ano, especialistas discutiram em mesas e oficinas métodos de cobertura para os principais assuntos da educação, como atentados, desigualdade racial e a tecnologia em ambientes escolares. u Na mesa de abertura, Educação antirracista: a voz preta na história, mediada pela presidente da Jeduca Renata Cafardo, Nikole Hannah-Jones e Tiago Rogero falaram sobre inspirações e desafios presentes na criação de projetos que abordam a escravidão através da perspectiva negra. Nikole, criadora do The 1619 Project, do The New York Times Magazine, explicou a relação de estadunidenses com temas como desigualdade, segregação e racismo. Ela revelou que não há tanto patriotismo para pessoas negras devido ao passado do País e que, apesar de alguns terem a ilusão de democracia, o legado da escravidão permanece afetando atos políticos e sociais nos EUA. u Inspirado pela produção de Nikole, Rogero, diretor da Abraji, criou o Projeto Querino. Produzido por uma equipe majoritariamente negra, mostra como a escravidão privilegiou pessoas brancas e marginalizou negras. O profissional compartilhou que foram necessários mais de dois anos de pesquisa para sua realização. Além da surpresa pelo feedback positivo, ele revelou que pretende lançar um livro sobre o tema, assim como preparar um formato para ser implementado nas escolas. (Veja detalhes das demais mesas) Nacionais Ataques escolares, racismo, soluções e o papel do jornalismo foram discutidos no 7° Congresso da Jeduca A Intel® valoriza profundamente o jornalismo como meio de mostrar como a inovação pode ter um impacto positivo na sociedade. Seu compromisso com a liberdade de informação e a busca contínua pela verdade desempenham um papel fundamental na construção de um futuro mais brilhante e inspirador. Parabéns a toda a equipe do Jornalistas & Cia por seu papel fundamental nesse percurso de transformação e informação. Parabéns pelos 28 anos! cottonbro studio Mikhail Nilov

Edição 1.429 página 27 conitnuação - Nacionais n Dez instituições que atuam em prol do livre exercício do jornalismo, lideradas pelo Ministério Público Federal, firmaram parceria para acompanhar as denúncias de violações à liberdade de imprensa em âmbito nacional. Durante a cerimônia de assinatura do Memorando de Entendimento, em 21/9, na sede da ABI, os dirigentes das entidades realçaram o valor da união de esforços. u A mesa reuniu, pelo MPF, o procurador federal dos Direitos do Cidadão Carlos Alberto Vilhena e o procurador da República Júlio José Araújo Júnior (Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão/RJ), e, pela ABI, o presidente Octavio Costa. u A parceria prevê a criação de mecanismos para efetivar direitos à liberdade de expressão e o direito à informação. Está prevista, entre outras ações, uma central para receber denúncias de assédio judicial contra jornalistas e outros ataques a comunicadores, para garantir atuação rápida do MPF, via Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão, em conjunto com outras instituições. u As instituições signatárias do acordo de cooperação são: Ministério Público Federal (MPF), via Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão; Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji); Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj); Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC); Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB); Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação; Instituto Tornavoz; Instituto Vladimir Herzog; e Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Dez instituições firmam acordo para ações contra ataques ao jornalismo Araújo Júnior (esq.), Vilhena e Octavio Costa n O portal Terra lançou duas novas verticais editoriais: EduCar, que traz pautas sobre educação e carreira, e Planeta, sobre questões relacionadas ao Environmental Social Governance (ESG). As novidades fazem parte do processo de reposicionamento do Terra, que nos últimos dois anos remodelou 13 verticais para alinhá-las aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. u A jornalista e produtora Adriana Farias integra o time da Planeta, contribuindo com coberturas e projetos especiais. A equipe da vertical conta ainda com Diogo Rodriguez, que assina a coluna Me explica, com explicações simples sobre as mudanças que têm impacto direto nas transformações do planeta. A vertical apresenta também a plataforma Menos 1 Lixo, que mostra a importância do tema educação ambiental e sustentabilidade. u Em EduCar, Cazé Pecini, ex-Globo, Bandeirantes e MTV, trará conteúdo exclusivo sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A vertical também trará a edtech Afrofile ao time, com o objetivo de facilitar o acesso à história e à cultura afro-brasileira por meio de conteúdos em textos e vídeos que ficarão disponíveis no portal Terra. Terra lança verticais sobre Educação e ESG n O portal R7 e a Revista Placar firmaram parceria de conteúdo com o objetivo de intensificar a cobertura esportiva. O material produzido pela Placar será disponibilizado no site do R7, incluindo coberturas esportivas ao vivo e lances em tempo real. u Para Sandro Santos, diretor comercial da Placar, a parceria será benéfica para os dois lados: “A parceria entre os portais é uma ótima oportunidade para as marcas, uma vez que a audiência do R7 poderá contar com um conteúdo nobre sobre o mundo do futebol. Já para a Placar, poderemos contar com um enorme crescimento de audiência, uma vez que milhares de pessoas terão acesso diretamente ao nosso site. Inclusive, essa parceria traz um ganho enorme para agências e marcas anunciantes, que poderão se beneficiar desse crescimento”. R7 e Placar firmam parceria de conteúdo e cobertura de eventos esportivos

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