#diversifica

No 1 – Pág. 20 pretende transformar sua tese de mestrado em livro. Na obra, abordará o impacto do discurso de ódio nas redes sociais. “Minha ideia foi construir uma espécie de mecanismo para que pessoas que tenham que lidar com esse problema, quando chegam em posição de poder, saibam como agir e o que desejam aqueles odiadores”, explica. Vítimas do classismo e racismo estrutural no jornalismo Uma das principais lutas de Luciana Barreto no jornalismo é incentivar a inclusão de novos olhares nas narrativas, em especial quando são temas relacionados às populações periféricas e minorizadas. Para ela, o jornalismo, assim como a sociedade, ainda são vítimas de problemas antigos, como o classismo, o elitismo e o racismo estrutural inerente aos tomadores de decisão. São questões que influenciam diretamente a pluralidade (ou a falta dela) em relação aos conteúdos transmitidos pelas mídias tradicionais, e que ainda são responsáveis pelo maior impacto de informações a que o público tem acesso. “Se tem um acontecimento no Rio de Janeiro, o jornalista detalha até a esquina da ‘rua tal com a rua tal’, no bairro de Copacabana. Mas se é na Baixada Fluminense, ele fala que aconteceu na Baixada Fluminense, que são 13 municípios. Ou então, se acontece um atentado terrorista com cinco mortes no Hemisfério Norte, essa notícia vai reverberar durante horas. Já um atentado com 250 mortos na Nigéria, Moçambique, ou qualquer país da África, não conseguimos dar 30 segundos. Essas escolhas estão impregnadas de um leque de problemas que carregamos nas nossas redações, como o classismo e o racismo estrutural”. Para ela, essa visão, muitas vezes, acontece inclusive de maneira inconsciente, fruto da percepção e trajetória de vida de cada profissional: “Quando você tem uma redação formada majoritariamente por homens brancos, com a mesma origem social, é muito provável que a percepção do que é notícia seja muito semelhante. Por mais que eles tentem uma neutralidade, não vão conseguir ser imparciais, porque provavelmente trarão todo esse olhar viciado para a notícia”. Uma das principais dificuldades para mudar essa realidade, ela acredita, está na base, em especial nas condições precárias despendidas para formar cidadãos diversos. Problemas como os altos índices de evasão escolar e de interrupção de aulas em comunidades carentes, em que alunos chegam a perder ummês de estudos por ano por causa de operações policiais que resultam em troca de tiros e fechamento temporário das escolas, são alguns desses motivos. “Onde está essa população, que poderia contribuir com esse olhar mais diverso dentro das redações? É essa população aí. Um ou outro vai conseguir furar a bolha, não à custa de esforço, mas sim de muita renúncia pessoal”. Além de descaso das autoridades, ela defende que há falta de interesse emmudar essa situação. “Não podemos fechar os olhos para o fato de que essa resistência existe porque ainda é lucrativa para uma pequena parcela da população que se agarrou ao poder, ao privilégio. São pessoas que se acostumaram a estar em alguns espaços e não desejam dividir isso. É uma questão de territorialidade mesmo. Não é à toa que a nossa política não é nada representativa em relação à população brasileira. Em geral são sempre grandes famílias que estão aí, passando o poder de pai para filho”, acrescenta. Meritocracia ou renúncia? Seja no jornalismo, na literatura ou no cinema, histórias de superação cativam e atraem a atenção do público. Os motivos podem variar desde a Crianças fogem de tiroteio na saída da escola no Complexo da Maré / Foto: Reprodução/Maré Vive Apoio temático:

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