Jornalistas&Cia 1412

Edição 1.409 página 24 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital Adeus papel Grupo Perfil O grupo argentino Perfil, criador de Caras, é uma das mais tradicionais casas editoras da América Latina. Sua revista mais conhecida chegou ao Brasil em 1993, e permanece imbatível no segmento life style. Longe de ser um nativo digital, o Grupo Perfil é um dos que melhor e mais rapidamente soube fazer a transição do papel para a internet, trazendo de volta à liderança várias marcas tradicionais que estavam no fim de sua vida analógica: Contigo, Manequim, Máxima, Bons Fluídos, Atrevida, RollingStone, Aventuras na História, Ana Maria, entre outras. O caminho para encontrar o sucesso, segundo Luis Maluf, diretor-geral do Perfil no Brasil, foi ver as marcas como um modo de cobertura e não uma plataforma essencialmente. “Nós queríamos estar em todas as plataformas possíveis o quanto antes”, conta, o que foi obtido com a criação de uma central de produção editorial encarregada de toda a cobertura e de passar material para os núcleos de jornalistas que transformam os conteúdos para as linguagens específicas de cada produto. Cada plataforma tem uma linguagem própria, muito característica, e conta com um time de jornalistas especializados para cuidar delas. “O nosso core não muda, mas a linguagem para cada plataforma é completamente diferente no produto final”, explica Maluf. Ele chama o processo de via crucis e diz que para atravessálo com os resultados que o Grupo Perfil atinge o foco é firmemente mantido em qualidade, distribuição e autoridade. E explica melhor: “Cada marca tem de ser autoridade no assunto que trata, tem de ser referência no seu nicho de mercado”. Isso implica otimizar a relação com a audiência da sua marca, uma vez que a relevância é fundamental para se manter no top brand. “Eu sempre pergunto à equipe: faz parte da autoridade da marca? Se não faz, esquece. Se faz, vai em frente, não importa quão polêmica seja a pauta. Não vou mudar o conteúdo e o perfil por causa de audiência, a marca não pode perder autoridade no segmento que cobre”. Maluf conta que houve uma fase, na internet, em que todo mundo copiava todo mundo. “Agora, com o avanço da tecnologia dos algoritmos, os buscadores estão filtrando mais a repetição e trazendo mais os conteúdos autorais, dando maior relevância a eles”, afirma. “Hoje os jornalistas têm de entender de tecnologia para poderem fazer parte do ambiente digital. Aquele texto que aprendemos a fazer na faculdade − não repetir palavras, cuidado com a ortografia e perfeição na gramática – já não serve mais. É preciso entender de SEO, repetir palavras-chave várias vezes, até mesmo usar a linguagem das mensagens de texto com abreviação para se comunicar da forma e 3 Cases Luís Maluf

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