Jornalistas&Cia 1429

Edição 1.429 página 22 e apenas cinco eram RPs. Da mesma forma, dos 12 profissionais contemplados com o Prêmio Aberje 2022, seis eram jornalistas. Um mercado em constante mudança, cujo grande avanço hoje é representado pelas mídias proprietárias. “As marcas são porta-vozes, mídias e produtoras de conteúdo, tudo ao mesmo tempo, e isso não muda mais”, acredita Edu Ribeiro. “Porque já não é tão necessário investir em anúncios se você pode chegar diretamente nos seus públicos com conteúdos de utilidade que favorecem as marcas. Já houve ações como essas no passado e hoje isso se tornou uma praxe. Está no planejamento das marcas”, diz nosso editor. Se a procura por profissionais multidisciplinares e multimídia dá a impressão de que o jornalismo está perdendo espaço e influência na comunicação corporativa, a verdade pode ser justamente o contrário. E os jornalistas estarão conquistando cada vez mais importância com o avanço das mídias proprietárias, do marketing de conteúdo e de outras ferramentas que ainda vão surgir. Mas esta já é uma outra história, que fica para uma próxima vez. Nem tudo foram flores nessa trajetória Da equipe de J&Cia Os profissionais mais antigos, que conhecem um pouco melhor a história da comunicação corporativa no Brasil, costumam dizer que a mãe das agências de comunicação, aquela que deu efetivamente origem a esse mercado, que hoje fatura cerca de R$ 5 bilhões por ano, como mostrou o Anuário da Comunicação Corporativa deste ano, editado pela Mega Brasil, foi uma empresa criada nos anos 1960, mais exatamente em 1963, por dois outsiders, que decidiram abrir no Brasil uma agência nos moldes das agências americanas, então já muito bem sucedidas na América do Norte. Essa agência chamava-se AAB – Assessoria Administrativa do Brasil (o nome em nada lembrava uma empresa de RP, mas com o tempo virou apenas AAB) e os empreendedores, José Carlos Fonseca Ferreira e José Rolim Valença, ambos já falecidos. Ali trabalharam e aprenderam a atividade nomes como Carlos Eduardo Mestieri, Vera Giangrande, Valentim Lorenzetti, Antonio De Salvo, Lalá Aranha, para citar apenas alguns, todos eles profissionais que viriam a se destacar num mercado em que, até então, o jornalismo e os jornalistas eram praticamente públicos de interesse e não protagonistas da atividade. Deles, apenas Mestieri ainda está vivo, sendo que a sua Mestieri PR (ex-Inform) é hoje dirigida pela filha Roberta. Quando o jogo começou a mudar, com a chegada dos jornalistas para fazer assessoria de imprensa e publicações empresariais, o mercado acabou passando por uma espécie de racha, fruto do inconformismo dos RPs com a “invasão jornalística à atividade”. Racha que chegou a ter um enfrentamento institucional. De um lado estavam as agências puro-sangue de RP, lideradas pelos pioneiros e outros que vieram na esteira deles; de outro, as assessorias de imprensa e agências produtoras de publicações, lideradas por jornalistas que decidiram empreender. E foi tão marcante essa migração de jornalistas para a atividade de comunicação, seja diretamente nas áreas de comunicação corporativa das empresas, seja criando suas próprias agências ou mesmo como empregados dos próprios colegas jornalistas, que ao final dos anos 1970 e início dos anos 1980 o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo decidiu criar uma Comissão de Assessoria de

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