Jornalistas&Cia 1429

Edição 1.429 página 3 Não chame uma agência de comunicação corporativa de assessoria de imprensa. Na melhor – e improvável − das hipóteses, você estará demonstrando que é um(a) velhinho(a) que não se atualizou. À exceção, talvez, de uma ou outra agênciabutique, toda conversa a respeito do ofício vai girar sobre multidisciplinaridade, desenvolvimento de competências em tecnologia e maior compreensão das necessidades e possibilidades de interação entre o cliente e os públicos de interesse. Isso para ficarmos apenas nos temas corriqueiros. O fato é que a expressão “assessoria de imprensa” provoca um certo tipo de calafrio em assessores de comunicação. Mas também é fato que, hoje, 70,6% da demanda dos clientes das agências é por relacionamento com a mídia, seguida de gestão de redes sociais (39,4%) e relação com influenciadores (29,4%). Sim, você entendeu certo: matérias na imprensa, respostas a manifestações de leitores e almoços de relacionamento com formadores de opinião (Fonte: Anuário da Comunicação Corporativa 2023). Aliás, segundo a pesquisa do Anuário, a chamada mídia espontânea responde especificamente por 55,4% da demanda dos clientes das agências. Se os números não corroboram o discurso, o que acontece? Bem, trata-se simplesmente de um processo natural de evolução e adaptação às novas realidades provocadas pela transformação digital da sociedade. Porque, na verdade, diferentemente do que aconteceu nos Estados Unidos (berço das relações públicas) e na Inglaterra (referência europeia em RP), onde a comunicação empresarial nasceu do PR, no Brasil, a comunicação corporativa tem suas raízes muito bem fincadas na assessoria de imprensa e, a despeito das O mundo mudou, mas o jornalismo continua ditando as regras inovações, continua, até hoje, sendo significativamente influenciada pelo modus operandi jornalístico. Até pouco tempo atrás, as maiores agências de comunicação traziam bem gravado em suas marcas o DNA do jornalismo: a CDN – The PR Power House, nasceu Companhia de Notícias; a CDI – Conteúdo Digital Influência, era a Casa da Imprensa; a Máquina Cohn & Wolf, já foi a Máquina da Notícia; e a InPress Porter Novelli, bem, é InPress até hoje. “Antigamente, os assessores de imprensa eram vistos pelos jornalistas como aqueles que não conseguiam se firmar na profissão e tomavam um caminho alternativo. Mas a verdade é que o olhar jornalístico deu um peso muito grande à comunicação e a transformou numa área das mais importantes dentro das organizações”, afirma Ciro Dias Reis, fundador e CEO da Imagem Corporativa e ex-presidente da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação). Grande parte do preconceito contra os assessores de imprensa vinha da crença de que eles dificultavam o acesso às fontes, acredita Ciro Dias Reis Por Maysa Penna (*) (*) Maysa S. Penna, jornalista e publicitária, construiu sua carreira no jornalismo econômico e na comunicação corporativa praticamente em partes iguais, além de ter atuado em propaganda como redatora de criação. Integrou o grupo de empresários de comunicação que fundou a Abracom e foi a primeira presidente do Conselho de Ética da entidade. Atualmente dedica-se à produção de conteúdos para plataformas jornalísticas e redes sociais e colabora com este J&Cia.

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