#diversifica

No 1 – Pág. 15 a pessoa com deficiência não está embarcando, ou está indo muito a conta-gotas. As pessoas precisam ter essa representatividade com o tamanho que elas têm de fato, não é o passar perfume e nem dar um belo banho”. Ele alerta ainda para o fato de que a mídia, apesar de estar mais inclusiva com alguns grupos minorizados, passando a retratá-los commais frequência nas reportagens jornalísticas e campanhas publicitárias, ainda não abriu seus olhos como deveria para as pessoas com deficiência. “Esses debates, de representatividade cultural na novela, nos filmes, na propaganda, no jornalismo, que são os espelhos da sociedade e têm um impacto muito forte, ainda são muito desiguais. Precisamos questionar o que é bonito ou o que é falar bem, porque senão não daremos acesso a pessoas com deficiências físicas ou de fala, por exemplo. E é só com esse estranhamento inicial que poderemos falar de fato em inclusão”. Jairo usa como exemplo a realidade na escola onde sua filha estuda, em que a sua realidade de pessoa com deficiência é pauta de algumas discussões sobre diversidade tratadas em aula. “É incrível. Quando chego na escola dela para algum evento com os pais, por exemplo, não há estranhamento algum com a minha condição. Até me emociono ao lembrar que a minha infância foi totalmente diferente disso. Nem no banheiro podia ir na época da escola, porque não existia um espaço adaptado para mim”. Questionado sobre o que surge quando esse estranhamento sai da frente, Jairo é taxativo: “Possibilidades.” Parece pouco, mas para um público que por muito tempo foi privado de tantas experiências básicas de acessos sociais, naturais e até amorosos, diz muito poder reivindicar e viver essas demandas. Mais atenção e cuidado com a pauta Por muitos anos, Jairo Marques dedicou boa parte de seu trabalho para cobrir necessidades básicas e denunciar o descaso da sociedade, em especial com os espaços públicos para pessoas com deficiência. Uma luta que ele afirma ter sido bastante solitária emmuitos momentos, mas que recentemente começou a ganhar coro em novas vozes. “Eu me sentia muito sozinho, mas hoje, felizmente, já existem outras plataformas e por isso me sinto menos pressionado a falar só do buraco da calçada ou da falta de rampa”, explica. “É claro que são pautas ainda essenciais, mas estou ficando velho, mais experiente, e quero pensar a realidade das pessoas com deficiência por outras perspectivas, outras possibilidades. Quero poder falar das questões mais íntimas, mais internas. Temos acesso ao sexo? A pessoa com deficiência tem acesso a relacionamentos saudáveis? Escolhemos os parceiros ou somos escolhidos? São discussões que estão batendo à porta e quero usar a minha energia para esses olhares. É importante isso, pois só assim conseguimos de fato ver as consequências dessa ‘alguma’ inclusão que está acontecendo”. As realidades e demandas de pessoas com deficiência, porém, são muito amplas e têm Lorrane Karoline Batista Silva, a Pequena Lo, é psicóloga, influenciadora digital e humorista commais de 5 milhões de seguidores nas redes sociais. Ela possui uma síndrome rara que causa problemas ósseos e encurtamento dos membros “Nem no banheiro podia ir na época da escola, porque não existia um espaço adaptado para mim”

RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==