#diversifica

No 1 – Pág. 18 O Perfil Racial da Imprensa Brasileira, estudo publicado em novembro do ano passado por Jornalistas&Cia, apontou que apenas 20% dos jornalistas brasileiros são negros. O número mostra uma clara discrepância com a realidade do País, cuja população negra é de 56,20%, segundo projeções da PNAD/IBGE 2019. Os fatores que levam a essa sub-representação no jornalismo − em especial o racismo estrutural brasileiro, que invariavelmente coloca pessoas negras em situações desfavoráveis para ascensão social − foram temas constantes da conversa com Luciana Barreto, âncora do Visão CNN, programa vespertino diário da CNN Brasil. Por ser mulher negra e da periferia que construiu a carreira no meio televisivo, a conversa, os exemplos e as possíveis soluções fluírammais naturalmente por vias que retratam uma realidade similar à da nossa convidada, mas que, a grosso modo, também podem ser transportados para outras lutas por mais diversidade nas redações. Uma conversa ímpar, com uma profissional muito ciente do seu papel como exemplo para futuras gerações, mas, que acima de tudo, sabe de que nada adianta a luta se não houver espaço para as alegrias de ser quem ela é. Negritude, com Luciana Barreto Em busca de novas narrativas Quem é Luciana Barreto? Eleita uma das 100 pessoas negras mais influentes do mundo em 2021, Luciana Barreto nasceu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em uma família tão humilde quanto engajada em questões sociais. Engana-se, porém, quem acredita que sua história de superação, assim como de tantas outras pessoas negras, que tiveram que “ralar” muito para se tornarem referências no Brasil, seja motivo de exaltação para ela. “Vez por outra as pessoas querem contar a minha história”, explica. “A história da filha de um motorista de ônibus, que veio da periferia e que hoje é âncora da CNN. Eu não quero contar a minha história como se fosse heroica, porque na verdade ela é de muita renúncia. Acho que não devemos reforçar a farsa da meritocracia, devemos cobrar políticas públicas para que haja, de verdade, condições dignas de evolução e trabalho para os brasileiros”. Ainda assim, não é possível entender a trajetória profissional de Luciana sem conhecer sua origem. Desde sempre, ela pautou sua carreira com base em um jornalismo engajado e humanista, para mudar os olhares da mídia tradicional, que com frequência ignora as lutas e dores das periferias das grandes cidades. “Com o passar do tempo, durante minha juventude, fui entendendo que o jornalismo Apoio temático:

RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==