#diversifica

No 1 – Pág. 22 O poder do exemplo A participação de mulheres negras no telejornalismo brasileiro por muitos anos esteve restrita a uns poucos nomes, principalmente em rede nacional. E se não fossem as presenças de desbravadoras como Glória Maria, Dulcinéia Novaes e Zileide Silva esse cenário hoje talvez fosse ainda mais desanimador. “São mulheres negras que estavam na tevê na época em que eu era adolescente, e que já passavam a imagem de que é possível”, relembra Luciana. Mais do que levar um novo olhar sobre a realidade brasileira, elas serviram de inspiração e abriram espaço para outras profissionais que hoje estão em alta no telejornalismo nacional, como a própria Luciana, mas também como Joyce Ribeiro, Aline Midlej, Lilian Ribeiro, Flavia Oliveira e Maju Coutinho, que, por sua vez, abrirão caminho para outras. “Acredito que nós, que estamos nessa luta agora, somos continuidade disso, de ummovimento que continua avançando. É a possibilidade do sonhar para as próximas garotas negras”. E essa evolução não passa apenas pela presença dessas mulheres em posição de destaque, mas também pela normalização referente às suas histórias, aparências, crenças e ancestralidades. “É um caminho que abriu e que acho que não volta mais. Era um espaço de privilégio para poucos, que agora estamos conquistando. Com isso, tornamos possível também falar mais sobre nós, trazer a nossa ancestralidade, sendo quem somos, com os nossos cabelos crespos. Podemos misturar um pouco da nossa africanidade, que por tanto tempo tentaram desqualificar, com a eurocentricidade que sempre imperou”. Mas apesar dessa perceptível evolução, o caminho ainda é longo. Não raros são os casos em que o desencorajamento à presença de profissionais negras na televisão é percebido. Essas barreiras, em geral, são mais perceptíveis, principalmente para profissionais em início de carreira. “O fato de um professor, numa universidade, dizer que você não é adequado por causa do seu cabelo ainda é uma estratégia que faz parte desse racismo estrutural, mas que vai o tempo inteiro levantando barreiras para pessoas chegarem a determinados locais, especialmente os locais de poder”, ressalta Luciana. Criticado por escalar apenas profissionais brancos para discutir racismo no caso George Floyd, o jornal Em Pauta, da GloboNews, voltou no dia seguinte com um time formado exclusivamente por negros. Participaram: Maju Coutinho, Aline Midlej, Flávia Oliveira, Lilian Ribeiro, Zileide Silva e Heraldo Pereira Apoio temático:

RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==