#diversifica

No 1 – Pág. 32 O último Censo, realizado em 2010 pelo IBGE, registrou que viviam no Brasil naquele período pouco mais de 800 mil indígenas. Apesar desse número representar um percentual pequeno, inferior a meio por cento da população brasileira, ele está inserido em um grande contexto multicultural, que agrega 305 povos e 274 línguas diferentes. Retratar com rigor a cultura, os costumes e a diversidade dessa população, tão ignorada e estigmatizada pela história brasileira, é um desafio que está longe de ser atingido. Os estereótipos começam nos livros escolares, ganham enredos mirabolantes e ultrapassados no imaginário das pessoas e chegam inclusive à mídia, que reproduz e reduz com frequência tamanha multiplicidade de histórias a um único perfil indígena, como se isso fosse possível. Do lado dos povos originários, as lutas são muitas vezes desleais. Os que ficam em suas comunidades e reservas, precisam defendê-las da invasão dos não indígenas, em uma luta tão intensa quanto invisibilizada no cenário nacional. Já os que optam por viver em centros urbanos, precisam provar constantemente que merecem estar ali como qualquer outra pessoa, e que essa escolha de vida não significa que eles abriram mão de suas origens. São pessoas como Luciene Kaxinawá, que luta diariamente para dar visibilidade e manter as tradições de seu povo, mesmo vivendo longe de sua comunidade. Segundo ela, cabe também ao jornalismo, como agente de transformação e inclusão social, dar mais espaço e visibilidade para que profissionais como ela possam ajudar a mudar as narrativas e como a população em geral enxerga os povos indígenas e suas diferenças culturais. Indígenas, com Luciene Kaxinawá Esqueça o que você aprendeu na escola Quem é Luciene Kaxinawá? Primeira jornalista indígena da tevê brasileira, Luciene Kaxinawá nasceu em Porto Velho, Rondônia. De origem dos Huni Kuin (povo verdadeiro), do Acre, é filha de Maria, uma diarista, e de Francisco, um pedreiro e ex-trabalhador da extração de borracha. Em sua língua materna, o Pano, seu nome é Ibatsai, que significa mãe que cuida, mulher guerreira e ancestralidade. “São muitos significados e isso me faz forte também para falar sobre quem eu sou”, explica. Apesar da forte relação com suas origens, ela cresceu longe da realidade de sua aldeia. Foi só aos 10 anos, quando começou a ter noção de sua identidade indígena, que passou a pesquisar mais profundamente sobre suas origens e relações com os parentes mais próximos que ainda viviam na comunidade em que sua mãe nasceu. “Um colega meu até comentou outro dia que foi aí que começou o meu trabalho como jornalista e como entrevistadora”, brinca. Entre seus objetivos, queria entender sua origem, quem era o seu povo, por que ela não estava inserida no contexto de sua comunidade, e por que a mídia não trazia informações sobre os

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