#diversifica

No 1 – Pág. 40 Para uma pessoa normal, fazer algo de que ela não gosta é muito chato, mas para um TDAH é tortura”. Mas é claro que essa é a realidade de Erick e não significa que toda pessoa neurodivergente tem as mesmas características, positivas ou negativas. “E está tudo bem, porque, a bem da verdade, seja uma pessoa neurodivergente ou neurotípica, todos são diferentes e trabalham de maneira diferente. O segredo é entender e saber respeitar as habilidades e limitações de cada indivíduo, independentemente de sua condição”. O poder do acolhimento Um dos principais desafios para implantar políticas mais diversas em uma empresa, de maneira responsável e inclusiva, está na forma como o ambiente de trabalho será preparado para ser um local de fato acolhedor. Ampliar a diversidade de uma equipe sem dar condições para que essas pessoas desenvolvam por completo suas potencialidades e tragam novos olhares para a estratégia de uma empresa, além de ser um desperdício do ponto de vista do negócio, pode ser algo muito ruim para os colaboradores. No caso de pessoas neurodivergentes, por se tratar de um grupo muito amplo e plural dentro de suas necessidades, esse acolhimento pode acontecer com atitudes simples, como conversar e entender a realidade do profissional, conhecendo seus pontos fortes e fracos, ou até criando espaços de trabalho menos barulhentos. Não existe uma fórmula padrão, por isso é tão importante conhecer e entender as diferenças, e, claro, estar de fato comprometido com sua política de diversidade, e não apenas para prestar contas a stakeholders sobre a adequação da empresa às práticas ESG. “Às vezes algo tão básico, como dar um notebook na mão de um neurodivergente e mandá-lo trabalhar onde quiser quando estiver cansado ou com dificuldade de se concentrar faz uma diferença tremenda”, explica Erick. “Ter um cantinho. Não custa! Porque é muito difícil você se concentrar quando está ansioso, e teu colega fica falando no telefone, outro fazendo piada, outro pegando café, e outro ainda falando que a GloboNews deu um assunto que a gente não deu. Você não consegue se concentrar se está num dia de maior dificuldade”. Pouco tempo depois de anunciar nas redes sociais sobre seu diagnóstico de TDAH, Erick foi convidado para retornar à RIC TV. Em sua primeira conversa com sua nova gestora, pela primeira vez ele pode colocar à prova qual seria a reação de um ambiente de trabalho à sua condição e como aquilo poderia afetar positiva e negativamente o seu trabalho. “Me dá até vontade de chorar quando lembro do quão compreensiva ela foi”, lembra. “Hoje tenho o ambiente ideal com a equipe com que trabalho. Eles sabem da minha condição, sabem do profissional que sou e me valorizam por isso. Hoje trabalho muito mais confiante e sei que entrego um trabalho muito bom, caso contrário não estaria mais lá. Que pena todas as redações não serem assim, porque faz uma diferença muito grande”. Mas nem sempre a realidade é a mesma para todos. Segundo Erick, muitos são os casos em que pessoas diagnosticadas não encontram no trabalho um ambiente em que se sintam à vontade para expor suas realidades. “Para o funcionário é ruim, mas para a empresa é pior ainda. Se você cria um ambiente acolhedor, as pessoas se sentem à vontade e são mais felizes. Pode ser que você seja um chefe que só pensa em dinheiro. Se você é assim, saiba então que vai ter mais lucro com um funcionário satisfeito. E não estou falando só de neurodivergência, isso serve na relação com qualquer pessoa”. E conclui: “Com o acolhimento que tive, se minha chefe me pedir de última hora pra trabalhar sábado e domingo, eu vou com o maior prazer, porque sei que ela estava lá quando precisei”. Neurodivergência na mídia A falta de informação sobre neurodivergência na mídia, e até a forma estereotipada como ela é muitas vezes tratada, ajuda a explicar como tantas pessoas só são diagnosticadas tão tardiamente.

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