#diversifica

No 1 – Pág. 5 baixa renda instituído em 2005, durante o primeiro Governo Lula. Foi na faculdade, inclusive, durante a produção de seu Trabalho de Conclusão de Curso – que se transformaria no livro Transresistência: pessoas trans no mercado de trabalho –, que pela primeira vez entendeu-se como um homem trans. “Foi a partir das conversas com os meninos que eu estava entrevistando”, relembra. “Dali, até ter coragem de começar a contar para as pessoas, forammais de dois anos. Primeiro falei para a pessoa com quemme relacionava na época e para meus amigos mais próximos. Depois para a minha família. Mas foi só em abril de 2020 que me senti à vontade para contar no meu trabalho”. Na época, já contratado como repórter da Ponte, encontrou na redação todo o apoio necessário para que pudesse anunciar sua transição também para o público. Como era uma decisão que afetava diretamente uma das principais marcas de um jornalista, sua própria assinatura, ele optou por produzir um texto explicando os motivos de sua transição e coisas básicas, como a simples importância de respeitar seu nome e pronomes. Em pouco tempo sua história ganhou destaque e Caê começou a se tornar uma das principais referências e vozes do jornalismo na luta não apenas pela causa trans, mas LGBTQIA+ em geral. Em fevereiro de 2021, foi o primeiro jornalista trans a participar da bancada do Roda Viva, como um dos entrevistadores de Érika Hilton, primeira mulher trans a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo. No começo de 2022, mais uma importante virada em sua vida. Apaixonado por esportes, em especial futebol feminino, vôlei e skate, foi convidado para atuar como editor do SportsCenter, tradicional programa diário da ESPN Brasil. “O Pedro dos Anjos, que é o gerente de conteúdo, me seguia no Twitter e um dia me chamou para uma reunião. Foi quando ele me convidou pra trabalhar na ESPN. Falei para ele que nunca havia me imaginado jornalista de esportes, porque, enquanto pessoa LGBT, que já entrou na universidade sabendo que era um corpo LGBT, sempre achei que aquele não era um lugar para mim, que jamais poderia ocupar aquele espaço por causa de todo o preconceito que ainda envolve o esporte”. Em pouco tempo, além da produção diária de conteúdo, Caê também participou diretamente de duas importantes produções que abordaram a presença de atletas LGBTQIA+ no esporte: as séries de reportagem Reflexões e Atletrans. Durante as gravações de seu episódio no #diversifica, em julho passado, confidenciou uma possível ida para o UOL Notícias, como repórter de Direitos Humanos, movimentação que se concretizou semanas mais tarde. “Para mim, não é possível ser jornalista e não pensar em Direitos Humanos. As duas coisas têm que caminhar juntas. Acho que o jornalista que sou hoje só foi possível por ter sido criado ali, no jornalismo independente, cobrindo esse tema”. Caê Vasconcelos, no fundo, à esquerda, durante gravação do Roda Viva, com Érika Hilton Apoio temático:

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